De Sonhos e de Gula: um pouco do que foi Siena para mim!




Toscana!!! Que experiência maravilhosa, rodar por aquelas estradas, ir parando em cidades tão simples, onde a beleza está na permanência, na força. Mas contei que não curti Siena? Pois é, mas tive bons momentos na cidade, experiências com sabores diversos que a tornaram inesquecível em minha história. Vinhamos rodando, numa vibe maravilhosa, daí chegamos em Siena e não gostei da cidade - nem de fotografar nas noites, acreditem. Sabem aquele negócio de antipatia? Pois é, ela me recebeu ventosa e gelada e eu dei de ombros, torci o nariz.


Dependendo por onde andamos, tudo pode ficar bem mais escuro...


Adoro ver a Vida do alto, embora tenha uma inimizade inquestionável com as alturas. Mas para fotografar, topo encarar o temor e as dores-de-cabeça, na boa. Agora, quando leio a quantidade de degraus que necessito enfrentar para realizar meus desejos, daí esmoreço - já não é o medo, é a realidade que me tira do sonho e lembra que não posso. Nas minhas pesquisas, vou logo procurando a informação acerca de quantos degraus levam ao cume - normalmente bem mais do que os 40, 50 (quase) possíveis. 

Após um final de tarde e uma noite, o dia amanheceu claro, frio e ventoso. Resolvemos encarar e rumamos a Piazza del Duomo, em busca de encantamento e o encontramos. O complexo arquitetônico formado no entorno da Catedral é belíssimo, sem contar que apenas os detalhes da própria são suficientes para meses de análise e estupefação. Mas nossas pretensões eram bem mais razoáveis. Escreverei acerca da Duomo e do Museu Santa Maria della Scala, em outro momento, pois merecem divagações bem mais elaboradas. Agora, desejo apenas narrar minha pequena superação e meu presente.




Após visitarmos a Duomo e o Batistério, resolvemos fazer um tour pelo Museo dell'Opera - que não pode ser fotografado. As dependências do Museu ocupam construção que seria a nave direita da "nova Catedral", no projeto de expansão do século XIV. Em seu interior grande parte das obras que ornavam a Duomo e que recebem nesse espaço cuidados preservacionistas - obras do pintor e primeiro mestre da escola de Siena, Duccio di Buoninsegna, do escultor e arquiteto Giovanni Pisano e de Donatello. Há obras belissimas para contemplação, mas confesso que ao longo de todo o percurso meus pensamentos estavam na decisão de subir ou não até o Panorama del Facciatone - o terraço de onde se tem uma visão privilegiada da cidade. 




Todo privilégio tem seu preço - no caso, muitos e muitos degraus: 131, em espiral. Bom, enquanto chegava a uma conclusão acerca da possibilidade de realizar a empreitada, fui entrando na fila, eis que cada grupo sobe e permanece por 10 minutos contemplando a vista. Bom, decisão tomada, lá fomos nós.





Se valeu o sacrificio (e não foi pequeno)? Valeu por cada degrau. A vista é espetacular, a melhor parte de minha visita a Siena - se conhecer a cidade teve razões, coloque essa no topo da lista. Para uma amante da arte de fotografar, então, foi de um valor incalculável. 



Essa é a imagem que ficará para sempre na minha memória, o prazer depois do sacrifício, dos riscos de desrespeitar ordens médicas e de quem sabe comprometer o restante das férias. Eu a intitulei de "Uma Janela para a Vida". O que acham? A fotografia mais importante das férias, minha paixão. 




Lembram que lá em cima falei que tive importantes experiências em Siena e com sabores diversos? Pois é, uma foi mega mundana, um delicioso pecado da gula. Ao chegarmos ao Hotel, o atendente rabiscou num mapa atrações da cidade, dando ênfase as imperdíveis, nos ensinou os truques de deslocamento (estávamos de carro) e indicou um restaurante onde poderíamos provar a tipica culinária toscana, dentro da tradição de Siena. Inclusive, já foi logo indicando a especialidade da Casa, o Gnocchi  alla Lella.




"Osteria Nonna Gina di Lella e Dado" é um pequeno restaurante nas proximidades do Hotel, onde o atendimento se dá pela própria família. Como todo bom restaurante tradicional, é pequeno, com mesas próximas umas das outras e com seu interior absolutamente aquecido - já vá tirando o casaco antes de sentar, porque se fores redondo como eu fazê-lo depois precisará de estratégias ou sua refeição correrá o risco de se transformar numa comédia pastelão. Um bom vinho e eis que chega o prato do dia, o mais delicioso e perfumado Gnocchi que já provei. Uma massa diferenciada, com uma consistência muito própria, um recheio suave e um molho aromático e perfumado. 




Passar tantos dias percorrendo a Toscana é uma perdição do ponto-de-vista culinário, especialmente para apreciadores da boa mesa. E dizer que depois de duas semanas de aventuras gastronômicas esse foi o prato eleito o mais delicioso da viagem - mesmo que não seja bonito, deve explicar que, para aqueles que apreciam as massas, ele deve ser favoritado, não? 





Para quem aprecia Grappa com Amaretto, esse é o mimo oferecido pela Casa. E o precinho? Espia ai no cardápio (lindamente manuscrito).



Numa cidade com ladeiras por todos os lados, encarar um prato nada light não chega a ser um crime, não é mesmo? Calorias ganhas, calorias perdidas, na mesma proporção! Estive lá embaixo... 








6 comentários

  1. Putz!!! Deveria ter deixado pra ler o post depois do almoço. Fiquei com fome agora. Pior que nem vai ter degraus e ladeiras pra eu queimar as calorias.

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    1. Só de lembrar, tenho água na boca! E olha que nem sou fã de massas... haha!! Abraço, querido!

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  2. Também não gostei de Siena e, como você, a visitei no inverno. Fiquei com água na boca por conta do Inhoque da foto e com desejos... hahahaha. Querida, muito linda sua foto preferida e parece mesmo tirada a partir de uma janela. Beijo.

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    1. Menina, não fui no inverno, era primavera. Mas daquelas de usar casaco e lá, especificamente, de andar feito urso. BjO!!

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  3. Pensando seriamente em incluir Siena no roteiro por causa de nhoque!

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    1. Penso em retornar, só por conta do inhoque. hahahahaa!!! BjO!

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