Conhecem Vila Flores, na Serra Gaúcha?

Eu não conhecia, até ser convidada para a inauguração da Pousada Santa Clara, no complexo Vila Capuchinhos. Foi uma experiência tão aprazível, gostosa mesmo, que decidi que merecia mais que umas postagens no Instagram. Cá estou, tirando a poeira desse espaço tão especial. E tirando com gosto, bem ao estilo antigo, com muitas fotos!



A Vila Capuchinhos habita nosso imaginário, por ser um local onde os frades franciscanos se estabeleceram e, por décadas, mantiveram um Seminário que educou muitos dos meninos da Serra Gaúcha. Ao contrário de outros locais do Estado, onde os estudos sempre foram colocados de lado nas primeiras décadas do século passado, nessa região as famílias solicitaram aos frades que instruíssem seus filhos. Mesmo famílias simples tiveram o alcance da importância da instrução para o futuro daqueles meninos e de suas famílias. Assim, sob a proteção de São Francisco, nasceu o que hoje chamamos de complexo turístico.



Nenhuma grande estrutura sobrevive sem recursos, hoje ou ontem. E, para manutenção dos frades e de seus alunos, todos trabalharam naquele espaço rural de modo a torná-lo próspero. Assim, videiras foram plantadas, dando origem a Cave dos Frades. Os vinhos, espumantes e tudo o mais que pudessem produzir e vender, servia para manter e fazer crescer aquele espaço de conhecimento. Espaço esse que chegou a contar com trezentos alunos internos. Plantações para subsistência, um moinho, muita fé e por décadas o Seminário dos Frades Capuchinhos se manteve sob as bênçãos de São Chico!





Quando os alunos partiram, restou uma grande estrutura, muitos frades, jovens e idosos, e a dúvida de como manter tudo e, ainda, continuar servindo aos pobres e necessitados.



Muitos viajantes solicitavam hospedagem, pois a região era carente de estrutura hoteleira. Assim, nasce a ideia de transformar o prédio principal na hoje Pousada São Francisco. Para tanto, os frades buscaram auxílio, conhecimento, e decidiram gerir sua estrutura como um negócio.

Nascia a Vila Capuchinhos Complexo Turístico, com a Pousada São Francisco e suas piscinas de águas termais. Deu certo? Deu, e o projeto cresceu.

Fomos, Viviane (Viajando pela Serra Gaúcha) e eu, acompanhar a inauguração da Pousada Santa Clara, no dia de Santa Clara de Assis. E, entre amigos, percorremos os caminhos, vivemos um tanto do que esse espaço oferecerá. 



O prédio, reconstrução de parte do complexo atingido por um incêndio há alguns anos, foi pensado para oferecer conforto e paz aos hóspedes. Espaços bem planejados, integrado à Pousada São Francisco, osteria, restaurante, piscinas, empório e Cave dos Frades, é parte de um projeto maior.






Nos próximos anos terá a Pousada São José e um parque de águas termais, com possibilidade de day use. Por enquanto, as piscinas são reservadas apenas aos hóspedes.


Recebendo a todos com o dizer Paz e Bem, o complexo é um espaço de paz, diversão e contato com a natureza.




Passeios de Benedetto (carroção) pela propriedade, piscinas termais, refeições na Osteria e uma experiência conduzida pelos Frades no interior da Cave dos Frades, estão entre os programas oferecidos.




A modernização da Cave dos Frades não retirou do espaço as Pipas Históricas, mantidas para a armazenagem do Vinho Santo, espaço onde oferecem jantares harmonizados. Nesses, os hóspedes terão a possibilidade de experienciar a harmonização dos vinhos e espumantes ali produzidos, e que por décadas colaboraram com o sustento do espaço de vivência e ensino, mas também o Vinho Santo (bebida doce, que se assemelha ao Vinho do Porto, é que ganha novo espaço quando harmonizado com sobremesas). Outro detalhe carinhoso é que, embora a Cave esteja tomada por modernos tanques de inox, as madeiras das antigas pipas revestem parte das paredes da Cave e de outros espaços do complexo, colaborando para que as histórias não se percam.





A estrutura da Pousada Santa Clara é confortável, acessível e deliciosa. As suítes são mobiliadas de forma moderna, em tons aprazíveis e possuem vista para o interior do complexo.





O café da manhã é servido no antigo refeitório, com os itens dispostos sobre o grande fogão a lenha, com mesas voltadas para o jardim.






Há salas para convivência, espaço do chimarrão, mas também outros pensados para contemplação e meditação. 






A Capela existente no complexo é um espaço de fé e leveza, especialmente quando a luz do sol penetra por seus coloridos vitrais. A Chiesa dela Porciúncula foi inspirada na Ermida onde São Francisco descobriu sua vocação (ou a vontade de Deus para sua Vida).


O espaço conta com muitas flores, gerânios e lavandas especialmente, além de oliveiras e limoeiros de sicilianos, todos num espaço guardado pelos olhares atentos e carinhosos de São Francisco e Santa Clara. 





Mas, num dos caminhos de entrada, temos a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, construída em 1958. Em seu revestimento interno, muitas bolitas (bolinhas de gude) e pedras da região. 


Os frades organizaram uma recepção, para autoridade, imprensa e convidados, para que todos pudessem conhecer o projeto, além de confraternizarem pela felicidade com a inauguração. 




A pequena cidade de Vila Flores cresceu no entorno da Vila Capuchinhos e hoje também vê nesse complexo turístico possibilidades ímpares de desenvolvimento, sem que percam a tranquilidade típica das pequeníssimas comunidades da região, onde o povo caminha sem pressa, as crianças correm livres e os moradores deixam os carros com os vidros abertos enquanto fazem compras ou vão ao banco. Local de muita paz, sem dúvida.

Agradeço aos Frades a receptividade, o cuidado e as palavras sempre cheias de levezas. Paz e Bem!


Informações:

Vila Capuchinhos Complexo Turístico

Rua do Seminário, 290 - Vila Flores / RS























































Que pergunta tão cheia de significados e tão própria para retomar as postagens nessa casa, depois de tanto tempo e de tantas voltas.

Quanta vida vivi até chegar aqui, entre um ponto e outro, e que alegria poder ainda estar por aqui, vivendo.

Dito isso, retomo esse espaço descompromissado, com um prazer que já não mais possuía, para contar um pouquinho dos altos e baixos dessa vida louca, que tanto amamos e na qual tanto nos agarramos.


As viagens vinham diminuindo, pouco a pouco. O trabalho exigia, novos rumos pessoais se formando, e os lugares novos foram dando lugar para reencontros que nem chegaram por aqui, mas que estão sempre vivos no coração. Salvador, Rio, São Paulo, Rosa, Serra Gaúcha, Alagoas....

E, no meio do caminho, tinha um sonho. Era hora de abrir espaço na vida e na agenda para um novo projeto, a Cafeteria que por décadas imaginei criar. Sempre disse que um dia ela estaria nesse espaço, talvez como encerramento do ciclo do Mochilinha ou, talvez, como seu renascimento. Ainda não sei qual seu papel nessa história, mas o Cedinho nasceu em 2019 e quase foi engolido pela pandemia.


Não foram as viagens que pararam, foi a vida que mudou seu ritmo. Negócios fechados, e olha que possuo alguns para administrar, meses em casa, cuidados extremos, receio do desconhecido, até que o cotidiano foi sendo retomado. Retomada em outro nível, com outras prioridades e com muitos cuidados. Um longo percurso até a primeira dose da vacina, tão importante para alguém com comorbidades.


Tantas novas expressões invadiram nossas vidas, tantos números negativos, um país aos pedaços, tantos em prantos por aquilo que não há como repor, a vida. Seguimos, pois é necessário, e faz parte dessa vida que desejamos forte, pulsante e melhor. 


E na vida do Mochilinha, além das histórias que vemos pelas postagens, que me surpreendem ainda tão acessadas apensar do tempo, há os amigos que chegaram por conta dele. Tantos e tantos, viajantes maravilhosos, pessoas extraordinárias, que tanto alegraram minha vida e que seguem, no dia-a-dia, pelas redes sociais. Trocamos idéias, alegrias e tristezas, fazendo uso dos recursos que temos. E, em breve, voltarei a viajar através de vocês, de fotos lindas e de histórias maravilhosas. 


Saudade de amigos viajantes que estão distantes, mas sempre dentro do coração. Flora, estás sempre presente nas lembranças de bons momentos e nos planos para conhecer lugares novos em sua cidade. Alê (Fratus), Sofia e Gardens, saudades dos papos pelas mesinhas dos bares.  E daqueles encontros fortuitos, quando dava, com a Fê (Curitiba), Rê (França), Carol May (Santos), Mariana (BSB/SP), Carmem e Ana (SP), sempre tão repletos de papos, fofocas e risadas. 


Em 2019, quando não imaginávamos o que estava por acontecer, recebi a visita da Marcie, em Porto Alegre. Daqueles momentos que não imaginava acontecer, por conta de toda a logística envolvida. Foram poucas e deliciosas horas, mas no momento da despedida, no portão do aeroporto, senti um nó na garganta, uma sensação que o até breve não seria um tão breve assim. Mas estava feliz, e afastei aquela nuvem, para curtir aquele abraço que só nós duas sabemos dar! Ah, querida, que saudade da melhor amiga que o Mochilinha trouxe para minha vida. Uma amizade inusitada, por razões das mais diversas, mas que está na vida há anos e espero seja eterna em seus significados - tudo bem que tenho saudades das mesinhas do Tordesilhas contigo, também! 


Não há viagens sobre as quais falarmos, salvo aquelas interiores, de crescimento, de fortalecimento e que tanto nos impulsionam. Minhas viagens tem sido pelo amor, companheirismo, pelos projetos do escritório, pelos caminhos de estudo que recomeço agora e pelas mesas de um sonho, o Cedinho. 

Esse espaço será retomado (quem sabe encerrado) com ele, o Cedinho Café. 

Aguardem cenas dos próximos capítulos... 




Por duas vezes me deliciei com os pratos que saltam da cozinha de Rafael Caldeira, em Bento Gonçalves. Asseguro, não mais retornarei à cidade sem reservar algumas horas para curtir o ambiente, bater papo com os amigos e provar as delicias oferecidas ali. 


O Caldeira foge um pouco da linha colônia italiana que logo pensamos quando falamos em Serra Gaúcha, pois é moderno, decorado de forma despojada, com um cardápio que em nada lembra as galeterias e cafés coloniais tão famosos no entorno. Sabem onde ele mostra que é cria da região? No clima de aconchego e cuidado com que todos são recebidos, nos cuidados com o preparo dos pratos e a abordagem no oferecimento dos vinhos, espumantes e cervejas. 


Cada cliente é recebido com pessoalidade, explicam os pratos que constam do cardápio e a harmonização que melhor encaixa de acordo com os elementos a serem servidos e aquilo que indicamos como sendo mais do nosso gosto. Quebram regras, adequam possibilidades e no final o papo rola solto e saímos de lá felizes, como deve ser. 

Rafael e sua equipe recebem com desenvoltura e alegria, quando percebemos o prazer de fazerem o que fazem. A sommelier quebra o gelo das tão conhecidas regras e imposições, dá um sentido legal para as harmonizações propostas e nos deixa super à vontade na hora da escolha. Para completar, o pessoal da cozinha bate um bolão e amo parabenizá-los, pessoalmente, pelos pratos - não tem como partir sem agradecer o cuidado e a gama de sabores maravilhosos. 


Bom, mas como sou repetitiva, nem ficarei dissertando sobre o cardápio, pois já tenho meus pratos prediletos - e quem me conhece sabe o quanto sei ser repetitiva! 



Pães ou bruschetas, para dar inicio aos trabalhos, enquanto o assunto esquenta. Depois, uma salada da casa para preparar o paladar para a estrela da noite. 



Ossobuco. Guardem esse nome, pois o caldeira serve o melhor ossobuco que tive oportunidade de provar. Molho encarnado, como diria minha avó, com aromas e sabores de ervas frescas, acompanhado de polenta mole (cremosa), borbulhantes e servidos em panelas de ferro. 


Perdoem a expressão interiorana, mas é de lamber os beiços, literalmente. 



O que mais posso dizer? Por favor, um cabernet, sauvignon ou franc, para acompanhar. Tim-Tim. 

Ops, não posso esquecer das sobremesas, claro. Experimentei duas e não conseguiria determinar uma delas como a preferida. A pêra ao moscatel com sorvete de uva é muito delicada e repleta de sabores, enquanto o sagú com creme me remete para aquele clima bem colônia italiana das antigas cozinhas da Serra Gaúcha. 


Se recomendo? Nem disfarcei, recomendo de A a Z. 

**** os preços constantes do cardápio são os da data da visita, que foram ou serão alterados, a qualquer momento. 


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