Viagens (e) interiores...




Gosto de viajar, de partir, de regressar... 
 Gosto de saber que tenho para onde voltar, que construí laços, que construí um pouco do que sonho, que tenho um porto onde ancorar... 
Gosto de ter raízes, mas raízes hidropônicas, que me permitem 
partir e regressar. 

Sou como as cabras, gosto da terra, do difícil, de subir montanhas, de pisar o pasto, de ver o horizonte ao longe. Gosto daquilo que é perene, porque o perene me permite ser intimo, me acalenta, me eterniza. Gosto de estar e de ter no coração, gosto daquilo que me ilude com a idéia do permanente, do eterno. Sou do signo da Terra, sou capricórnio. Mas um capricórnio rebelde, de espirito libertário, avesso as convenções e que por isso gosta 
de partir, mas com a certeza de sempre regressar. 

Criança conheci o mar, mas não gostei da areia - aversão as tatuíras que insistiam em cutucar pés que nasceram fincados na terra. Mas os anos foram trazendo o encanto, sucumbi as suas belezas e passei a conversar com as pequeninas tatuíras por cócegas, que já não são mais cutucões. Aprendi a observar o vai e vem delas nas ondas, numa eterna luta que pode ser apenas prazer, de se permitirem ou não ser vencidas pela força do mar. Gosto da sensação de transcender que o mar me traz. Gosto dos tons de azul, gosto do encontro das águas com o céu. Gosto da luz da lua na imensidão escura - dos caminhos de prata, da guaxuma. Gosto de ver longe, sempre além e isso o mar me permite. Me permite ver longe, ver amplo, ver fundo e cristalino, ver dentro de mim. Gosto de libertar meus pensamentos, meus sentimentos, gosto de entregá-los ao mar, porque só ele leva, mas traz. 
Por isso me perco do relógio cada vez que me encontro com ele, porque entre nós não há tempo, 
há apenas paixão, movimento, partir e regressar. 

 Sou essa, um pouco terra, um pouco mar. Um pouco raizes, um pouco asas. Um pouco cérebro, um pouco intuição. Um pouco amiga, um pouco grude. Um pouco leve, um pouco chata. Ao que andaram me dizendo, as vezes excessiva. Muito paixão, um pouco coração. Mas, antes de tudo, essa que se permite
 partir e regressar. 



 Para quem não entendeu o que esse texto faz aqui, lembro que esse blog é um "Diário de Viagens", 
histórias de partir, se permitir, de se perder e, finalmente, regressar! 

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