BRASILIA: Comida Mineira

Brasilia tem o charme de seus restaurantes – especialmente os baseados na culinária mineira.

Sempre que viajo dou preferência pela culinária local, me aventuro. Não esperem me ver nas churrascarias... Logo, parti em busca de lugares charmosos, que me foram apresentados pela minha acompanhante, que já conhecia a cidade. Alguns outros locais conhecemos juntas. Destaco três estabelecimentos, entre os visitados: Feitiço Mineiro, Esquina Mineira e Don’ Durica.

O desenho da cidade, a forma como foram distribuidas as áreas residenciais e comerciais, são uma supresa a cada esquina. Uma das consequências dessa organização, somado ao fato de que de certa forma todo mundo é um pouco turista naquela terra (uma cidade adolescente, com apenas 52 anos), é que em nenhuma oportunidade me vi num restaurante turistico, pois todos são muito frequentados pelos locais. A interação é total. Mas Brasilia é uma cidade para ser curtida de carro, não conte com o transporte público e muito menos se aventure a pé, pois as distâncias são absurdas – e, juntamente com o aluguel do veiculo, tenha em mãos um GPS (ele lhe dará liberdade).

No meu primeiro dia, minha amiga desejava me apresentar o melhor restaurante que havia conhecido outrora – O Feitiço Mineiro. E, sem medo do trocadilho, ele enfeitiça. Estive em três oportunidades distintas no estabelecimento para almoço (ele aparecerá novamente no post sobre bares e botecos) e, em todas, me deliciei e fiquei com gostinho de quero mais. Bom, minha primeira refeição foi um almoço de sábado, um dia de cardápio especial. Aos sábados, além do buffet típico mineiro (saladas, pratos quentes e sobremesas), a casa oferece um buffet de feijoadas especiais, acompanhadas de caipirinha – não sou muito de feijoada, mas apreciei a caipirinha. É concorridíssimo, mesmo com o calor seco sufocante. A casa possui área interna e externa e todas, todas as mesas ficam ocupadas – logo, se não chegar cedinho, se prepare para aguardar. O buffet mineiro conta com uma gama razoavel de saladas e legumes (as únicas coisas lights que encontrará por lá), mas a culinária mineira se mostra no buffet de pratos quentes, servidos sobre chapa de fogão a lenha, em panelas de barro. Os aromas se misturam no ar, é delicioso. Ao fundo, se ouve o som da roda de choro que toca no boteco anexo. Entre os pratos temos o cordeiro, o cabrito, o leitão assado, couve refogada com bacon, mandioca frita (aipim para alguns – mas sempre lembro que um dia ainda criança minha mãe me alertou que não existe farinha de aipim!!!), galinha caipira ao molho, frango à passarinho, canjiquinha (salgada), batatas carameladas, entre outros. Mas esqueçam o colesterol e se esbaldem, como eu, no torresmo. O torresmo, frito no estilo “a pururuca” – sequinho, crocante e delicioso. Vencidos os pratos quentes é chegada a hora dos doces – a culinária mineira é baseada na herança portuguesa e assim como na minha terra (post de Caçapava do Sul), os doces são muito doces. O buffet de sobremesas é cobrado a parte, só para aqueles que não resistem a tentação – doce-de-leite (parecido com ambrosia), mu-mu, frutas em calda (pêssegos e figos), pudins, doce de laranja azeda (cidra para alguns), goiabada com queijo mineiro, arroz de leite (arroz doce), entre outras delicias. É uma aventura gastronômica.

Seguindo em busca de originalidade e comida típica, chegamos ao Esquina Mineira – muito tradicional. Num domingo? Se prepare para filas, porque os locais invadem o com a família toda, inclusive as babás – olhe que me chamou atenção que as familias por lá tem de dois a três filhos (aqui pelo Sul o povo anda controlado, de um a dois filhos por casal). Esperamos por aproximadamente uns 40min. A decoração conta com mais elementos pitorescos – gostei muito de uma geladeira antiga adesivada com uma galinha, mas o ambiente é menos solar do que no Feitiço – aqui deixo uma observação: estive no local em 06/2011 e fui informada de que agora estão em um casarão mais espaçoso, reformado e com instalações modernizadas. Novamente encontramos os pratos e panelas de barro sobre chapa de fogo a lenha – os pratos são similares aos encontrados no Feitiço. Na entrada haviam alguns souvenirs a venda, além de cachaça. Pessoalmente, não gostei muito do tempero e nem do atendimento – foi visita única. Com a notícia da reforma e reestruturação, vou considerar a possibilidade de retornar ao local, pois as fotos externas que vi estão um charme.  

Se a opção for por algo mais equilibrado, sem deixar de lado a culinária mineira, dá para optar por um buffet mais modesto, com a possibilidade de pagar pelo peso consumido – no Don’ Durica (o nome me remete a infância). O buffet oferece uma boa variedade de comida mineira – couve refogada, feijão mexido, torresmos... Mas tem a comidinha cotidiana também. Nos doces encontramos pudins, goiabada cascão, doce de leite. Não tem o charme do Feitiço e nem a tradição do Esquina, mas é prático e econômico.