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O Amigos e Cidades é um espaço que abri no Mochilinha para que amigos queridos pudessem partilhar um pouco do que mais amam em suas cidades. É um projeto para partilhar paixões, me inspirar e inspirar os leitores do Mochi, como contei no primeiro post: A Cris de Barcelona e o bairro Gótico.

Os convites tem um caráter bem pessoal, como tudo nesse espaço. Agradeço todos que toparam, com tanto carinho, dar uma parada em seus afazeres e dedicarem seu tempo à contar histórias, por acreditarem que partilhar nos faz mais felizes! 

A segunda convidada foi a Luciana, do Roma pra Você. Uma querida amiga que há anos me surpreende todas as manhãs com novos cantos da cidade eterna, que já vou favoritando na minha lista interminável de lugares para conhecer em Roma. Lista sempre recheada é garantia de muitos retornos, muitas visitas e muitas andanças por ruas tão queridas. 

O que será que ela nos conta sobre suas preferências? 


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Roma é uma surpresa constante. 


Sempre achei que conhecia muito bem a minha cidade, quando no Natal de 2012 ganhei um livro intitulado “101 coisas para fazer em Roma pelo menos uma vez na vida” (em it.: 101 cose da fare a Roma almeno una volta nella vita), que me mostrou quantas coisas ainda havia para descobrir.

Esse presente foi o pontapé para que eu criasse um city travel blog dedicado à Cidade Eterna, porque queria compartilhar meus achados com outras pessoas que querem conhecer Roma. Tanto para quem vem pela primeira vez, quanto os “viajantes seriais”, como costumo chamar aqueles que apostam em um destino e voltam sempre.

Então vamos lá! Três dicas que eu gostaria de compartilhar com vocês:

1) Explorar a Roma Secreta

No Google é possível encontrar muitos tópicos, principalmente em italiano (Roma Segreta) e em inglês (Secret Rome), com propostas de lugares maravilhosos para serem visitados. Muitos deles, mesmo não sendo totalmente desconhecidos, ainda são um segredo para a maioria do turismo de massa. As nossas escolhas? Visitar os subterrâneos de Roma. Começando por aquele da Fontana di Trevi. Inacreditável, mas há alguns anos, ao fazerem escavações para reformar um cinema nas imediações da fonte mais famosa de Roma, descobriram uma antiga vila romana. Outra proposta pode ser conhecer o Buraco da Fechadura, que revela um segredo fantástico: ao olhar pelo buraco da fechadura, vemos no fundo a cúpula da Basílica de São Pedro como se estivéssemos usando um monóculo. É incrível! E se você fala um pouco de italiano ou inglês, saiba que muitas associações culturais realizam visitas em locais que não ficam sempre abertos ao público. Mais uma sugestão? Também é possível percorrer o antigo Estádio de Domiciano, ou seja, os subterrâneos da Piazza Navona, praça majestosa na qual se encontra a sede da Embaixada do Brasil. Por fim, também é um passeio muito interessante poder conhecer os subterrâneos do Coliseu, geralmente abertos ao público de Maio a Novembro.



2) Vistas panorâmicas para ver Roma do alto

Existem várias possibilidades de poder contemplar Roma do alto, algumas pagas como: a cúpula da Basílica de São Pedro (após uma subida bem fadigosa), o terraço panorâmico do Vittoriano (Altare della Patria) e os seis mirantes dentro do Complexo formado pelo Fórum Romano e Palatino. Mas também há ótimas oportunidades totalmente grátis de contemplar a Cidade Eterna. As minhas duas preferidas são: 1) da Colina Gianicolo temos uma vista privilegiadíssima da cidade. Lá também se encontram duas estátuas lindas e monumentais dedicadas a Giuseppe e Anita Garibaldi (as cinzas de Anita encontram-se depositadas aos pés da estátua), pois foi aqui nessa colina e arredores que deu-se a batalha decisiva para a unificação da Itália. O lugar é bem bonito, muito bem cuidado, com um parque com pelo menos 60 bustos de mármore dedicados aos heróis que participaram da luta pela unificação da Itália. 2) Jardim das Laranjeiras (Giardino degli Aranci) uma das localidades que foram retratadas no filme A Grande Beleza e de onde temos uma vista privilegiadíssima do Trastevere, e também a cúpula da Basílica de São Pedro e parte do Rio Tibre.


3) Descobrir bairros pitorescos e interessantes além do Trastevere


Vejam bem, o Trastevere merece sim ser batido, descoberto, deslumbrado. É um bairro que eu amo, caminho sempre pelas mesmas ruas, pelos mesmos becos e tenho sempre algo novo a descobrir. Tudo depende do meu estado de ânimo. Mas existem pelo menos duas áreas de Roma que merecem serem exploradas: Testaccio e Monti. Testaccio nasceu como bairro para a classe operária. Era destinado como moradia aos trabalhadores do matadouro, das centrais de gás e luz. Hoje tem uma área trend, com muitos artistas, atores famosos e jornalistas. Por ser uma das principais sedes do IED (Istituto Europeo di Design) o bairro também é frequentado por muita gente jovem. O bairro também é ótimo para quem viaja com crianças: há pracinhas, livrarias infantis, além de ser um bairro completamente plano! 


Em Testaccio você encontra de tudo: moda, ótima gastronomia para todos os bolsos, lojinhas trend, o Macro (ex-matadouro que foi transformado em museu e espaço cultural) e muitas discotecas para quem curte a balada. O que você não pode perder em Testaccio? As barraquinhas de gastronomia da feira local, o famoso Mercato di Testaccio. Como chegar? Com os ônibus 83, 170, 23, 160, 75 e o bonde 3 que passa no Trastevere. Monti, por sua vez, é um bairro pequenino, escondido ali pertinho do Coliseu. Ele foi uma das locações escolhidas por Woody Allen para as cenas de Para Roma com Amor, e é uma delícia de bairro. Caramanchões nas janelas, subidas e descidas panorâmicas e, além de ser um dos redutos da boa gastronomia de Roma, ali também há muitas lojinhas e ateliês de artesãos que produzem o verdadeiro made in Italy. Como chegar? Ao sair da estação Cavour (metrô B), você já estará dentro do bairro. Comece seu passeio pela Via Urbana, que é o “epicentro gastronômico” de Monti.




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Encontre a Luciana e suas descobertas sobre Roma, no:


As imagens desse post pertencem ao "Roma pra Você" e foram gentilmente cedidas pela autora, para ilustrar essa história. 

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Índice das postagens do projeto "Amigos e Cidades": 



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Não sou boa com roteiros internos, gosto do amplo, de planejar as cidades, os caminhos, mas quando chega o momento de listar lugares para visitar e horários para fazê-lo, acabo deixando ao acaso. Normalmente decidimos para que lado vamos, o que veremos, no dia e sem uma hora prevista. Muitas vezes saímos para ir em determinado lugar, dobramos uma esquina e não voltamos, eventualmente aquela atração que estava anotadinha acaba ficando para uma próxima oportunidade (quem sabe, né?). Significa dizer, claro, que deixamos de ver muitas das atrações ditas imperdíveis, que são trocadas por uma caminhada sem rumo. No geral, tem dado certo. Isso não significa que não tenha minhas preferências em cada lugar.



O que eu desejava ver em Florença? Enquanto preparava meu roteirinho toscano, não me furtei de verificar cuidadosamente o que visitaria na cidade, uma vez que as opções são vastíssimas e o tempo insuficiente – tem lugares que uma vida inteira parece ser insuficiente para desbravar. Então, selecionei várias opções, inclusive os excepcionais afrescos do Palazzo Medici Riccardi.





Visitar cidades fortificadas é uma atividade deliciosa, especialmente quando se é apaixonada por história. É como tirar dos livros e jogar nas ruas, no calçamento e nas paredes, pois a passagem do tempo está por ali, espalhada, em detalhes e minúcias. Curto garimpar a história, olhando para o alto das paredes, andando... 





Em Assis esses detalhes estão pelas ruas, nas pedras das muralhas e das casas, nos telhados de terracota e nas pinturas, algumas gastas pelo tempo e ainda mais lindas. Além da Basílica de São Francisco, temos a Piazza del Comune e o complexo Museu e Foro Romano, cheio de peças interessantes. Tínhamos poucas horas na cidade, então decidimos fazer uma super caminhada, subindo e descendo ladeiras, entrando e saindo de locais culturais e mundanos. Do Museu até a Pizzaria, com o mesmo entusiasmo. 




A mudança tardia em nosso roteiro pela Itália, quando substitui a estada em Capalbio por Assis, quase nos deixou sem hospedagem. Não havia percebido mas, na última hora, tentava reservar hotel para um domingo de Páscoa, numa cidade de peregrinação católica. 

Olha daqui, espia dalí e eis que surge Giotto Hotel & Spa, simpático e bem localizado. Seria ele nossa casa em Assis. 


Está situado no que chamam de bairro medieval, dentro dos limites da cidade murada, a apenas 200 metros da Basílica de São Francisco. 



Montalcino entrou em nosso roteiro como um dos lugares onde nos hospedaríamos, para conhecer o entorno. Como nas demais cidades toscanas onde montamos acampamento, desejei que o hotel estivesse dentro das muralhas, o que nos possibilitaria curtir a noite sem preocupações. 



O Residenza Palazzo Saloni surgiu numa consulta ao Booking e, por estar bem localizado e contar com estacionamento, acabou ganhando a preferência. 

Estabelecido num edifício do século XVIII, proporciona uma linda vista dos campos de Brunello, além de contar com apartamentos espaçosos. 



Nosso apartamento contava com quarto, um banheiro simples, cozinha compacta e uma sala. Sem carpete e bem arejado, simples (bem simples), mas delicioso. 






Faz tempo que passei a gostar de um cara simpaticão, simples e amante dos animais. Minha lembrança mais remota do Chiquinho, sim fui ficando intima, é da oração repetida a exaustão lá nos tempos da catequese. Posteriormente, já no grupo de jovens, a tocava ao violão com carinho, pois é linda. São Francisco de Assis, entretanto, nunca foi um Santo de devoção em meu grupo social. O tempo passou, o catolicismo foi ficando no passado e meu carinho por Chiquinho foi crescendo, aos poucos me vi comprando imagens e, hoje, acho ele "o cara". 


Nas vezes em que estive na Itália, nunca me ocorreu visitar seu Santuário, ao contrário do que aconteceu com Fátima em Portugal, que coloquei no roteiro na primeira oportunidade. Para nossa última estada em terras italianas, fecharíamos o roteiro em Roma, provenientes de Capalbio. Poucos dias antes da partida, naquela análise final do roteiro, olho para o mapa e começo a considerar que Capalbio era "fora de mão", impliquei e do nada olho para o lado e vejo Assis. Foi como um imã, me chamou - perguntei para uma amiga: Capalbio ou Assis? A resposta veio clara: Assisi, toda vida! 

Reserva hoteleira desfeita, uma guinadinha no trajeto em direção a Úmbria e encontraríamos Francisco no domingo, na Páscoa. O engraçado é que a idéia me pareceu tão boa, tão completa, que sequer busquei informações sobre a cidade, o que ver, o que não deixar de ver de forma alguma. Apenas entrou no roteiro, tomou seu lugar com propriedade. E, numa bela manhã de sol, já com os presentes do Coelhinho em mãos, partimos por lindas estradas até avistarmos uma colina.



Quando organizei nosso roteiro pela Toscana considerei algumas cidades que desejava visitar e inclui outras por razões estratégicas. Montalcino foi das que entrou na lista, num primeiro momento, por conta de sua localização, onde poderíamos montar acampamento por dois, três dias, visitando cidades vizinhas. 

Pincei no mapa e fui pesquisar, saber o que havia para ver e curtir além dos vinhos, claro. Uma fortaleza, parte histórica bem preservada, boa mesa, além de acesso privilegiado. Perfeita. 



Partimos de Siena imaginando chegar para o almoço, mas nos perdemos do relógio ao encontrar Buonconvento. Não há arrependimento, pois fomos nos permitindo curtir o que aparecia, readequando horários e, ao final, tudo saiu perfeito. Então, já era meio da tarde quando estacionamos junto a uma belíssima fortaleza. Deixamos o carro e seguimos a pé, por ruas encantadoras, como se tivéssemos sido sugadas por um túnel do tempo, até chegarmos em nosso hotel - não sabíamos por quais partes da cidade poderíamos trafegar e, por essa razão, fizemos essa primeira expedição caminhando, fotografando e papeando, sem pressa. 





A pequena Lucca sempre esteve em meus sonhos toscanos, nem lembro desde quando. Quando fui traçar o roteiro das férias, foi das primeiras a ser marcada no mapa, numa fuga desde Firenze. 

Pegamos o trem na Estação Santa Maria Novella, fizemos um pit-stop em Pisa e, no inicio de uma tarde ensolarada de primavera partimos em direção a Lucca - muitas paisagens belíssimas pelas janelas.


A pequena já nos foi simpática, de cara, ainda na estação. 



Olhamos o entorno, uma espiadela no mapa e nas placas, partimos para uma caminhadinha curta, até avistarmos suas lindas muralhas e seus gramados de tons fortes, vivos. Linda, afinal. 






Uma pequena postagem, sobre um pequeno lugarejo: Monteriggioni. 

Estava nos meus planos dar uma passadinha pela cidade, quando estivéssemos nos deslocando para Siena. Mas o tempo passou rápido naquele dia e queríamos chegar antes do anoitecer, já que tínhamos que procurar o hotel, descobrir onde deixar o carro e, se possível, aproveitar um pouco da cidade. Pensamos em desistir da visita, mas numa das curvas do caminho ela se mostrou e nós, em dias de curiosidade tão aguçada, paramos. 


A cidade medieval é uma graça, mantém suas muralhas e casas preservadas e parece viver ainda no século XIII, quando foi construída. É tão pequenina, que numa rápida caminhada o visitante a atravessa de uma ponta a outra, sem sacrifício algum. 


Mediante o pagamento de uma pequena taxa se pode caminhar por sobre seus muros, onde crianças gritavam e de onde saímos rapidamente. Queríamos ouvir a cidade, o vento em suas curvas, sonhar e ver ao longe. Nos embretamos por entre casas e encontramos um pequeno jardim (que em épocas de batalhas era usado como horta), um silêncio iluminado pelas luzes do final da tarde que já se aproximava, deixamos que o vento nos trouxesse o cheiro da lenha queimada pelo fogo que começava a aquecer aquelas casas de pedras. 





Sentamos para admirar os detalhes das construções, deixamos o vento soprar e, subitamente, o silêncio se fez. Não havia sobre o que falar, era hora de apenas admirar a beleza de uma existência em pedras brutas, simples, mas que permanecem fortes e impávidas apesar das batalhas e do tempo. Sim, serviu de fortaleza contra as tentativas de invasões florentinas, protegendo Siena. 


Não há muito o que ver por aqueles espaços diminutos, além de algumas poucas e pequenas lojas (lembrancinhas, massas, vinhos e sapatos), algumas casas, pousada e restaurantes. A singela Igreja românica de Santa Maria Assunta pouco se sobressai, há um certo nivelamento nas construções. 




Havia, entretanto, uma razão especial para que aquelas pedras frias estivessem em nosso roteiro: "A Divina Comédia", de Dante. Os muros e torres foram imortalizados em Inferno, a primeira parte da obra - complementadas pelo Purgatório e pelo Paraíso. Para Alighieri o inferno seria formado por nove círculos de sofrimento, sendo o mais profundo representado pela imagem dessa cidade medieval: "... e, sobre o muro arredondado, Monteriggioni é coroada por torres, na margem infernal que o fosso circunda, guerreavam os terríveis gigantes, apenas com a metade de seus corpos encouraçados". 


E lá estávamos nós, relacionando aquelas muralhas do século XIII com as figuras de linguagem da Divina Comédia, obra do século XIV, imaginando por entre aqueles blocos de pedras as figuras transformadas em personagens que se eternizaram ao longo dos séculos. 

Como não ganhar tempo e histórias dando uma paradinha em Monteriggioni? Em terras de tantas belezas e histórias, nada do que se faça é perda de tempo, tudo se mostra como presentes para aquele que se dispõe a lançar o olhar. 


Como chegar? A cidade está na estrada que liga San Gimignano a Siena, podendo ser alcançada através de transporte público ou com uso de automóvel, como fizemos - é comum ser visitada em sistema de bate-e-volta, partindo de Firenze ou Siena. É pequenina, pode ser visitada em poucos minutos, mas é uma parada interessante, cheia de histórias. 





Nosso singelo roteiro pela Itália poderia ter contemplado outras pequenas cidades, mas ele foi feito para ser vivido como um poema:


"Desejávamos andar sem pressa, dobrar quinas, namorar esquinas.
Queríamos sentir a passagem do tempo, ouvir o vento, fugir da rotina.
Viveríamos cada segundo como um minuto e não mais horas em milésimos de segundos.
Rodaríamos abaixo da velocidade da via, sentaríamos as margens dos caminhos, 
daríamos passos curtos, ganharíamos tempo, com os cabelos ao vento"! 


Fui contando nossas aventuras, minhas impressões sobre cada lugar e, a medida que as postagens foram sendo publicadas, os amigos foram pedindo dicas, perguntando por onde rodamos, qual nosso roteiro e, então, decidi dar uma panorâmica. 


Estávamos em férias e queríamos nos sentir assim, andando sem pressa, com tempo de sentar e observar os trejeitos dos lugares. Como chegaríamos na Itália vindas de Paris, decidi que Veneza seria nossa anfitriã. Então, depois de um voo Paris/Veneza, chegamos numa agradável noite de primavera. 



Em viagens para cidades absurdamente turísticas tenho o hábito de comprar passes prioritários, pois além da economia, ainda fico dispensada de enfrentar as filas imensas nas principais atrações. 


Os passes costumam ser caros, o que muitas vezes faz com que o turista deixe de adquirir. Como sou uma rata de museus, bibliotecas, pinacotecas e monumentos históricos, acabam sendo economicamente interessantes. Regra geral possuem na lista de atrações vinculadas as principais do local, tornando-os quase que indispensáveis. 


Começamos nossa estada na Itália por Veneza, depois passamos alguns dias em Florença e, ao partirmos em busca de encantamento pelas estradas da Toscana, fomos direto para a cidade que estava em primeiro lugar em minha listinha de cidades muradas: San Gimignano


Não sei precisar quando surgiu o encantamento pela pequena cidadela, mas aguçava meus desejos há anos e anos. Depois de dias maravilhosos em Florença, alguns problemas com a locadora de veículos nos retirou umas duas, talvez três horas do tempo que tínhamos reservado para conhecermos a primeira cidade de pedras do roteiro. A irritação com a situação referente a locação não retirou a beleza e o encantamento daquele encontro, numa agradável e ensolarada tarde de primavera. 




A cada lugar que visitamos adotamos lugares queridos, cantinhos especiais e, quando retornamos, damos preferência pelo que nos aconchega. Entendo quando me dizem que devo buscar o novo, novos bairros, outras inspirações - entendo, aceito e busco. Mas isso não impede que o ponto de partida seja aquele que já me cativou, não é mesmo? 

Roma já me ofereceu um cantinho seu para chamar de meu: Piazza di Spagna e seus arredores. Nem precisaria sair dali para me sentir realizada em retornar a Cidade Eterna, como a chamavam os poetas da Roma Antiga. 


Por aquelas ruas me sinto em casa, já sei por onde ir e voltar (e acreditem, isso não é fácil: nasci sem bussola), já tenho minhas lojinhas, cafés e, agora, restaurantes preferidos. Dali me espalho e, quando a distância é grande, tomo o metro ou um táxi para buscar o novo. Assim, embora ainda não tenha um hotel preferido, ando testando. 

Em nossa última visita o escolhido foi o Hotel Piazza di Spagna, na Via Mario Dè Fiori. 


A principal razão da escolha foi a localização - em nossas andanças anteriores pela região o havíamos colocado na lista das possibilidades futuras. Bom, dessa feita ficamos apenas quatro dias e, confesso, foi uma escolha cheia de aspectos positivos e negativos. 



A Itália não estava em meus planos para 2014, pois queria muito percorrer o interior de Portugal, de norte a sul, na primavera. Mas férias tem que ser ao gosto da dupla e, mesmo sendo mandona que só, resolvi ouvir e aceitar argumentos alheios. Assim, entre outras peripécias, a Toscana foi eleita como o principal destino. 

No dia que comecei a escolher as cidades, para traçar o roteiro, comentei com uma amiga e ela em sua resposta colocou o que seria o dela, uma lista de pequenas e lindas cidades. A maioria estava na minha singela listinha, menos ela: Pienza! 


Quando referi que ela ainda não havia aparecido em minhas pesquisas, recebi o alerta que não deveria deixá-la de fora, que merecia uma visita. Coloquei na lista provisória. Passadas algumas semanas fechei o roteiro, com as cidades onde nos hospedaríamos e com os principais passeios e, não sei como, ela acabou ficando de fora. Alguns dias antes da viagem, ao retomarmos a conversa, em meio aos comentários sobre o roteiro, ela escreve: não vejo Pienza, não a deixe de fora! Voltei para o mapa e a encaixei numa escapada de Montalcino, onde montaríamos acampamento por alguns dias para explorar o Val d'Orcia. A insistência aguçou minha curiosidade, quando resolvi que a visitaria sem ler nada sobre ela ou ver imagens, queria o impacto da descoberta. 

No dia marcado, lá fomos nós, felizes pelas estradas da Toscana. Pena que São Pedro não entendeu a intenção e mandou chuva e trovoadas, transformando o dia em quase noite. Pienza para nós, foi, então, uma mescla de chuva e sol, de pequenas aberturas azuis no céu e de uma brisa gelada soprando, insistente. 
  

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