Cuba: 5 dicas para ajudar a organizar a viagem para Cuba (a sexta é brinde)





Minha viagem para Cuba foi a realização de um desejo antigo, mas foram poucos dias e tudo foi organizado de última hora. 

O tempo passou rápido, mas nesse tempo o Mochilinha foi se tornando referência e recebo muito in box do pessoal querendo saber coisinhas bem prosaicas, muito em decorrência de haver, ainda, poucas informações turísticas nas redes e, menos ainda, uma estrutura para receber o pessoal em Havana. 

Nesse meio tempo a internet foi liberada por lá, há cartões sendo vendidos por valores bem menos salgados que os 10 CUC por hora (10 Euros), de outrora. Certeza de que isso facilita muito o dia-a-dia, mas acho que o principal é a organização prévia, as primeiras medidas que devem estar acertadas antes de embarcar. Depois a gente vai se virando, papeia com um, pede indicação para outro e os dias correm lindos, quentes e maravilhosos. 



Todos os preços aqui apontados tem por base o CUC = Euro = abril/2015. 




Bom, vamos lá:


Dica 1 - agendamentos prévios:


Como chegar e onde ficar?


Os mais aventureiros dirão que basta chegar, perguntar e as coisas se resolvem. Talvez, mas não contaria com isso se o desejo é não perder tempo e aproveitar o país. Prefiro que os acertos básicos já estejam fechados, previamente.

Chegar com o transporte contratado, especialmente se estiver em dupla ou grupo, pode significar economia, ainda mais se não for perito em negociar e pechinchar.

Para quem ficará muitos dias ou retornará após viajar pelo país, talvez seja interessante contratar apenas o transporte do aero até o bairro onde se hospedará e a hospedagem para os primeiros dias. Depois de instalado entenderá o funcionamento das coisas por lá e poderá optar por outro local, outro bairro e etc. 


Cartão de crédito pode ser guardado na carteira, dificilmente será usado, pois vi apenas um lugar que aceitava em Havana. Pode ser usado nos resorts de praia, como em Varadero. Dólares e Euros não possuem qualquer valor, se não trocados por CUCs. Essa é a moeda do turista e é com ela que efetuarás todos os pagamentos: transporte, hospedagem, alimentação e badulaques. 





Recomendo trocar um valor maior já na Cadeca do aero. Após, na medida dos gastos, ir completando as trocas das cadecas espalhadas pela cidade. Taxas de câmbio, pesquisa de preços e outros? Esqueça, você está num país socialista, com valores fixados pelo governo e seguidos por todas as casas de câmbio, sem concorrência. Sobre o CUC contei de nossa experiência, aqui.


Dica 2 - transporte

Os cubanos não podem transportar estrangeiros, salvo que sejam taxistas legalizados. Não existe a carona, nem para amigos que tenham conhecido quando em missões fora de Cuba, pois se parados pela fiscalização recebem multa e tem o carro apreendido. Aqui e acolá sabemos de histórias de caronas bem e mal sucedidas.






O aero fica distante dos bairros turisticos de Havana e é necessário escolher um meio de transporte. Há ônibus público e táxi. 

As empresas Via Azul e Transtur fazem o trajeto, com um custo de 25CUC, por pessoa. As vans e ônibus ficam estacionados junto ao terminal 3, um pouco escondidas de quem sai pela porta principal.

Dizem que há táxis no desembarque, que fazem o trajeto por preços em torno de 15CUC, por pessoa em automóveis antigos e de uso compartilhado. No dia que chegamos, com uma chuvarada, eles não estavam lá e os únicos ali já estavam com as viagens contratadas. 

Nós havíamos contratado com o Luis, nosso senhorio. Ele é o proprietário do Hostal Corazon del Vedado, com quem contratamos também a hospedagem em Havana e o táxi para o trajeto Havana-Varadero-Havana. Pagamos 25CUC pelo transporte do aero até Vedado, para duas pessoas. De brinde um pequeno tour pelo bairro e muitas indicações acerca das opções de locomoção, locais para visitar e bares e restaurantes interessantes. 

Como o Luis não poderia sair de Havana com estrangeiras, para o trajeto Havana-Varadero-Havana ele intermediou com o Aldo, um taxista legalizado. O custo foi de 80CUC cada perna de 140Km. Há táxis modernos rodando por lá, carros Hyundai, que teriam nos cobrado algo em torno de 100CUC cada trecho, conforme fomos informadas. Mas se você está em Cuba rodar nas banheiras fumacentas faz parte do pacote, afinal. 



Para circular por Havana há várias alternativas. Aproveitamos o táxi compartilhado, naqueles carros antigos, bem como o Coco táxi. Não chegamos a usar o ônibus público. 


Cada corrida no táxi compartilhado custava entre 0,50 e 1CUC, por pessoa. Sempre conferia o valor com o motorista, antes de entrar no veículo e sempre fazia o pagamento após deixar o veículo. Sou cuidadosa, eu sei, mas isso foi importantíssimo em uma das noites, em que o rapaz quis nos exigir 20CUC ao chegarmos no destino - já na calçada eu paguei o valor combinado, sem receio. 

O Coco táxi é uma delicia. Uma moto acoplada, que transporta duas pessoas além do motorista. Encontramos Juama num cruzamento, acertamos o primeiro trajeto e guardamos seu telefone. Nas oportunidades seguintes ligávamos e ela vinha nos apanhar ou mandava o marido - curtiu tanto e ganhou tão bem que nos convidou para passar o final de semana na praia com a família. O prazer foi dela e nosso, pois nos mostrou muito de Havana, conversamos muito sobre o funcionamento do país, das expectativas, necessidades e etc. Inclusive, conhecemos a casa da família. 

O ideal e recomendável é sempre acertar antes o valor de cada corrida. Com Juama pagávamos 5CUC cada trajeto ou 20CUC a hora para passear e visitar os lugares turísticos - usamos os dois sistemas e aproveitamos muito. Nas duas oportunidades que fizemos com outros motoristas, pediram de 7 a 10CUC cada trecho, mas negociando acabaram saindo por 5 ou 7CUCs. 



Para retornarmos ao aero, no dia da partida, contratamos um casal indicado pela proprietária do apartamento. Por lá todos intermediam algo, pois todos necessitam da moeda do estrangeiro para viver melhor. O valor saiu mais em conta, 20CUC a corrida. 



Dica 3 - hospedagem

Cubanos só podem hospedar estrangeiros se possuírem autorização para tanto e recolherem os impostos devidos. 

Ao chegar o senhorio solicita o visto, preenche um livro, dá recibo e cobra o valor combinado. Há organização e regras para que hospedem estrangeiros e eles as cumprem. 

Há muitos arrendadores privados, pessoas autorizadas a receber estrangeiros em casa, além dos hotéis do governo, em Havana. 

Hoje, ainda, é possível encontrar uma gama bem ampla de imóveis para alugar no AirBnB, o que não existia na época. 

Cada arrendador conta com uma placa indicativa, afixada na fachada.



Contratamos com Luis Garay, do Hostal Corazon del Vedado - já havíamos escolhido Vedado como o bairro para os dias que passaríamos em Havana. Na época, mesmos com uso de internet restrito, ele já trabalhava através de e-mail, o que muito facilitou o contato. Inclusive, já levamos conosco a ficha de hospedagem preenchida, para o caso de ser solicitada na imigração. 



Luis é educado e amável, além de levar super a sério o trabalho que realiza. Facilitou muito nossa vida, o temos indicado e o retorno dos amigos que o contrataram só confirma que ele é muito profissional - lembro de sete pessoas que reportaram terem usado e aprovado seus serviços. 


Ele é um arrendador privado, que hospeda turistas em sua casa - o Hostal Corazon del Vedado. Imaginávamos que ficaríamos lá, numa suite como combinado. Não, ele preferiu intermediar nossa hospedagem com Margot, num apartamento no principal cruzamento do bairro. 

O valor não variou, mas ele garantiu que estaríamos melhor acomodadas. Aprovamos. 

Escrevi um tanto sobre Luis, aqui.

O valor da diária varia entre 25 e 30CUC, para duas pessoas numa mesma suite - pagamos 25CUC por uma suite simples, com tv (que não ligamos), ar condicionado e banheiro novinho. O café-da-manhã pode ser contratado ao custo de 3CUC, por pessoa, e eu recomendo. 






Sobre nossa hospedagem em Havana, contei os detalhes da Casa de Margot, aqui.





Dá para contratar o primeiro período e depois, estando lá, resolver por outro bairro e etc. Há placas espalhadas, o que facilita a escolha e a conversa direta com os proprietários. 


Nós, particularmente, gostamos tanto dos senhorios que, ao retornar de Varadero, completamos nosso período em Havana na mesma residência. 

Quando fomos para Cuba decidimos que queríamos colaborar com os cubanos, diretamente. Por essa razão desconsideramos a hospedagem nos lindos hotéis Habana Libre e Nacional. Se em Cuba, viva como os cubanos (ou quase). 

Luis e Margot oferecem hospedagem em Vedado, um bairro classe média, um tanto moderno e mais bem conservado. Já Aldo, nosso taxista, oferece no bairro Playa, mas não chegamos a conhecer. 


Dica 4 - onde comer

São tantos lugares. Demos preferência para os paladares, empreendimentos familiares que hoje se espalham e movimentam a economia de Havana.

Em Vedado seguimos as indicações de Luis e nos deliciamos com deliciosas lagostas e provamos alguns pratos da culinária local. 



Lagostas no Sancho Pança, umas esquisitices do El Burrito, saladas e muitas cervejas do Café Presidente. 



Em Havana Vieja fomos entrando, sem indicações. Restaurantes mais turistões, mas com música local e ótimo tempero. 




Nos lindos hotéis Nacional e Habana Libre escolhemos sentar nos bares e curtir uma cerveja bem gelada, além de fazer uso da internet - em abril/15 eram apenas os hotéis que vendiam senhas de 1h de internet ao custo de 10CUC. 


Pelas ruas pouco o que consumir. Os cubanos estão acostumados as dificuldades e não estão habituados a gastar em bares e restaurantes, como nós. 

Se encontram muitas frutas pelas esquinas, além de ter visto cachorro-quente, milho verde fumegante e churros em metro. 

Há paladares com cardápio em Pesos Cubanos, moeda local, mas que convertem discretamente para o CUC para poderem receber turistas. Foi o caso do El Burrito, no centro nervoso do Vedado - nossa refeição mais barata, pois a conversão é muito vantajosa para o turista.



Contei do Sancho Pança e seus deliciosos frutos do mar, aqui.




O Café Presidente é mais para turistas, mas facilitou muito minha vida - oferecia coca-cola muito gelada, além de massas e saladas muito saborosas, como contei aqui. 






Dica 5 - visto e vacinas.

No quesito visto, minha experiência foi voando Copa. Para quem viaja com eles o visto pode ser adquirido no balcão, no momento do check-in, mediante o pagamento de uma taxa. Ligue antes para o telefone da empresa aérea do aero por onde voarás e se informe acerca da tarifa atualizada. 

Em 2015 não foi exigido o certificado internacional de vacina da Febre Amarela, nem no Panamá, onde fizemos conexão, nem em Cuba. Entretanto, com o surto que enfrenta o Brasil, muitos países que possuíam a regra da exigência, mas que não a cobravam, passaram a verificar. Já li relatos de estarem exigindo para quem passa pela imigração no aero do Panamá (não para quem permanece na área de embarque aguardando a conexão) e em Havana. 

Na dúvida, sou pela segurança. Faça a vacina na rede pública de saúde e solicite a expedição do certificado internacional de vacina nos Centros de Orientação para a Saúde do Viajante da Anvisa, nos portos e aeroportos - verifique a listagem dos locais no site da entidade. 

Visto e Certificado de Vacina em mãos, boa viagem. 


Dica 6 - o que ver, por onde andar

Se solte, aproveite, caminhe muito, se misture, converse, você está em Cuba. 



O país tem uma história rica, passou por ditaduras, por uma Revolução única, possui um regime de governo diferenciado, teve altos e baixos, ofereceu saúde e educação, retirou um tanto da liberdade, mas sobreviveu e se abre ao mundo com suas peculiaridades. 




Museus, fábricas de charutos, bares famosos, muitos drinks e alguns sebos. Praças, ruas e sua gente, que conversa muito, ri alto e se espalha no Malécom nas noites quentes de Havana. 




Vá entrando e saindo dos lugares, se permita ver e esqueça roteiros cheios de museus e palácios imperdíveis. Olhe para os muros, interprete os sinais e converse, muito e mais um pouco. 














Para mim foi uma viagem transformadora, que mexeu com conceitos e que me faz, ainda hoje, ter um olhar diferenciado para a vida e para o dia-a-dia. Como repito sempre, jamais usarei o detergente de louça da mesma maneira - não por economia, mas por ter se tornado para mim um simbolo de valor, de ascensão social e de pertencimento (isso, só consigo explicar pessoalmente, nos papos com amigos). 



Acredito que ninguém regresse sem histórias, sem detalhes que fazem o coração palpitar fora de ritmo e sem saudade do sorriso aberto daquele povo. Ah, como reclamamos de tudo, né? 




Como disse em meus Diários de Cuba, o sol amorena a pele e o diesel gruda na pele e nos cabelos, enquanto Cuba nos transforma - de fora para dentro, sem pedir licença.


Diários de Cuba - aqui, aqui e aqui.



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