Andava pensando em Paris, se escreveria a respeito de nossos dias perambulando pela cidade, dos museus, dos bares, de tudo ou de nada. Tem lugares que, por razões muito pessoais, nos dizem muito, mas nada especifico - só pelo conjunto, mesmo.
Paris foi assim para mim. Viagem muitas vezes adiada, um encontro em muitos sentidos. O terceiro local que coloquei na minha listinha de preferências, ainda no inicio da adolescência, mas muito rodei antes de, finalmente, decidir que era o momento.
Crianças sonham com a Disney? Pois bem, sonhava em conhecer Recife!! Sim, ela entrou para meus planos ainda na infância, quando minha mãe falava que desde a juventude pensava em conhecê-la. A vida fez com que ela perambulasse por outras bandas e que eu acabasse conhecendo a cidade antes dela. E foi paixão - tanto foi que logo em seguida retornei, dessa feita a levando comigo. Virou figurinha carimbada, a paixão se transformou em amor, e esse, ao contrário daquela, é sempre eterno.
O segundo lugar invadiu minha vida e meus sonhos nos anos 90, Machu Picchu! A oportunidade surgiu numa época de vacas bem mais magras, quando meus rendimentos brigavam com os boletos da faculdade. Como boa caprica, deixei para o futuro, pois ainda existiam muitas pedras no caminho a serem removidas na subida da montanha. A Vida me surpreendeu e hoje não posso me expor as altitudes e a bonitinha Inca virou encanto, daqueles que não se realizam. Não há arrependimento ou tristeza nas minhas palavras, só uma saudade daquilo que não vivi. Por isso digo que virou encanto!
E a terceira era Paris. Essa foi uma paixão construída, de certa forma vivida, com encontros e desencontros. Enquanto todos estudavam inglês, lá estava eu estudando apaixonadamente francês, sonhando em francês, cantando em francês. Sim, em algum momento muito louco a menina de 11 anos resolveu compor uma música e inscrevê-la num Festival de Música Francesa. E lá fomos eu, minha mãe absolutamente apavorada e minha professora, visivelmente amedrontada. Todos acharam a letra linda: "Uma viagem de Porto Alegre a Paris", mas ninguém, absolutamente ninguém me ouviu cantá-la antes da apresentação. Já contei que sou tímida, não? Ao chegar ao auditório, lá estava eu, uma menina mirrada, com um violão embaixo do braço, ao lado de grupos bem estruturados e com banda, para me apresentar para experientes músicos. Sabe que pensando hoje, vejo que foi uma loucura? Mas naquela época, achei a coisa mais natural. Pois bem, sempre digo que foi quando aprendi que o "jamais é um tempo que não me pertence, que não consta do meu dicionário". Nunca existirá. Sentei naquele banquinho e dedilhei ao violão minha criação, minha primeira grande viagem interior. E foi lindo, pelo menos para mim. Bom, entre dez concorrentes fiquei na quarta posição - se não ganhei nada, meu espirito competitivo sobreviveu, afinal não fui a última. Saí feliz que só, a França continuava no coração.
No roteiro? Uma passadinha nos museus e andanças no geral. Genérico, aberto, sem compromissos - salvo a fugidinha a Giverny, que contei nesse post aqui.
Sabe que essa foi a melhor decisão? Foi a oportunidade do reencontro, da cidade me abraçar e me convencer a retornar. E por falar em abraços...
Paris estava linda naqueles dias primaveris, ainda um pouco frescos, mas claros. Fiz o máximo que pude a pé, ligando um ponto ao outro, dobrando esquinas, me deixando levar. Quando cansava? Um táxi, algumas quadras e já saltava para mais uma caminhadinha. Permiti que a cidade se mostrasse, tentasse me conquistar.
Não tive aquele encantamento absoluto que todos comentam, instantâneo. Precisei viver um pouco, perambular, me enamorar. No período em que estivemos na Europa rodamos por muitos lugares, vimos muitas coisas de estilos muito diversos, mas de nenhum lugar trouxe imagens que pareçam pinturas como as que trouxe de Paris.
E esse post é sobre as imagens que me encantaram, sobre minhas telas em pixels.
Me hospedei pertinho do Arco do Triunfo, no Mac-Mahon. Como disse no post sobre o hotel, uma escolha maravilhosa e que nos permitia passar pelo Arco muitas vezes, de dia e a noite. Curti ele, morri de amores, mesmo.
Para mim o Arco é o simbolo da cidade, muito mais que um cartão postal, uma testemunha da história. Se teve que permitir que os Nazistas o usassem como simbolo do curvamento de um povo perante um exército, também simbolizou a vitória desse mesmo povo, frente a derrocada de todo um regime perverso.
Para mim o Arco é o simbolo da cidade, muito mais que um cartão postal, uma testemunha da história. Se teve que permitir que os Nazistas o usassem como simbolo do curvamento de um povo perante um exército, também simbolizou a vitória desse mesmo povo, frente a derrocada de todo um regime perverso.
E a Torre? Já imaginava que não teria a mesma sorte. Bonitinha, imponente, um belo cartão postal - e só! Mesmo assim, rendeu lindas imagens. É fotogênica a criatura, não posso negar.
Visitei os museus da minha infância, aqueles que já conhecia das paredes ao piso sem jamais ter colocado os pés - acho que só faltava conhecer o cheiro, mesmo. Foi maravilhoso, se retornar a cidade, a cada oportunidade visitarei todos novamente, pois nem mil visitas são suficientes para tantas referências.
Não tive encontros inesquecíveis, paixões, mas fiz uma boa amizade com as pedras dos caminhos, curti muito aquelas ruas, que para mim estavam cheias de significados. E elas são maestrinas em se mostrarem, não?
Não curto cadeados, especialmente quando referem aprisionamento. Menos ainda quando são pendurados em pontes e monumentos, mas respeito quem ache legal e participe, onde a prática é permitida. Fiz algumas imagens despretensiosas, mas essa em especial me atrai - abstraiam os cadeados e olhem as nuvens!
Para quem gosta de arquitetura, é um espetáculo.
Aproveitei tudo o que se exibia, fotografei e enquanto o fazia, também fazia as pazes com a cidade, comigo, com nossas histórias. Nos reaproximamos e foi bom, foi suave e colorido.
Para quem gosta de arquitetura, é um espetáculo.
Aproveitei tudo o que se exibia, fotografei e enquanto o fazia, também fazia as pazes com a cidade, comigo, com nossas histórias. Nos reaproximamos e foi bom, foi suave e colorido.
Se voltarei? Quando e se surgir uma nova oportunidade, alguns dias num roteiro pelas vizinhanças, mas sem compromissos: eu e Paris estamos em Paz.
Paula,
ResponderExcluirna primeira vez que estive em Paris, no início de 2003, eu gostei da cidade mas ainda me sentia mais encantada com Londres. Da segunda, em 2008, vi uma Paris diferente, mais parecida comigo e que eu amaria para sempre. Até que no final do ano passado eu tive a certeza de que aquela cidade é muito especial para mim. Hoje ela é a minha preferida, aquele lugar que quero sempre voltar. Sabe quando você se sente em casa fora de casa? (Outro lugar que me sinto completamente em casa é em Lisboa). É andar pelas ruas e se lembrar de outras vezes passando pelos mesmos lugares, é se sentir feliz só por estar lá.
Essa é minha história com Lisboa, de um encanto crescente, de estar em casa. Chego e não tenho vontade de ir embora, por mim iria ficando. Em terras lusitanas já tenho meus lugares prediletos, meu bar, meu restaurante, as ruas por onde curto andar e até minhas lojinhas. E é bom!! BjO!!
ExcluirSinto saudades de Paris.
ResponderExcluirEu também não tive nenhum apaixonamento... somente com as longas caminhadas e com aquele friozinho do inverno!!! Mas quero muito voltar!
Adorei o post!
Obrigada pela visita Marilia!!! BjO!!
ExcluirPaula, imaginei vc cantando com esse violão debaixo do braço..deve ter sido "O show"...ehehehehe.. Quando fui agora a Paris, tive a impressão que não iria gostar. Mas me encantou. Tem toda razão quando diz que a Torre é "fotogênica a criatura.."..rs.... Adorei o Post!!! bjs...
ResponderExcluirObrigada Dudu!! Sabe aquele negócio de não saber ouvir um "não pode"? Pois é, o banquinho e violão explicam bem minha reação a esse tipo de imposição. Faço tudo o que quero, especialmente o que dizem que "não posso"!!! hahahaaaa!!! :-) BjÃo!!
ExcluirFiquei emocionada com sua história, bem como é a vida, cheia de voltas e redemoinhos. Mas o mais importante de tudo é termos o coração aberto para os acontecimentos, reconhecermos nossas limitações e sermos felizes, apesar de tudo. Fiquei surpresa com o título, mas quando vi as imagens entendi, como são diferentes aquelas com as pessoas caminhando, parecem mesmo telas. Como amo Paris e inclusive já morei 12 anos na França, desejo que você retorne muitas e muitas vezes para descobrir ainda mais encantos e fotografá-los para nós. Beijos.
ResponderExcluirObrigada Lucia!!! BjO!!!
ExcluirAmei... Além de poeta é compositora também? Que legal... Achei lindo seu post de Paris, ainda mais chegando de lá.
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