Fundação Claude Monet: um sonho, em cores e perfumes!





Há lugares que nos são tão caros, mesmo antes de conhecê-los e, depois, se mostram ainda mais apaixonantes, que acabam sendo difíceis de descrever. Se tornam um misto de realidade e fantasia, de desejos realizados, de puro encantamento. Digo isso para justificar minha impossibilidade de jogar nas palavras meus sentimentos em relação as cores e perfumes, que tirei dos livros empoeirados da infância, que já vai longe, e joguei num dia cinzento de primavera, mas que vivi na mais inteira plenitude. 

Nossa passagem por Paris em abril, num inicio ainda fresco de primavera, com dias espremidos no calendário, tinha como maior razão a visita aos Jardins de Monet, em Giverny. 


Numa manhã fria e úmida, partimos em direção a Vernon de trem, apreciando as paisagens que passavam ligeiras por detrás dos vidros, até chegarmos na pequena e bucólica cidade, ainda tomada por uma fina névoa, daquelas que parece que nos joga areia nos olhos. Da estação, um pequeno passeio de ônibus e lá estávamos, em Giverny, entre os primeiros visitantes do dia. Acredite, estar entre os primeiros tem um grande diferencial, salvo que gostes de dividir suas fotos com multidões, além de curtir as tão belas cores em meio a algazarra generalizada.




Chegamos e já nos encaminhamos para a passagem subterrânea que dá acesso ao Jardim das Águas, o mais concorrido. Por alguns momentos, conseguimos curti-lo em sua plenitude, sozinhas e em silêncio. Aos poucos fomos ganhando companhia, até que já éramos dois pontinhos em meio a multidão, barulhenta que só.




Sabia que a época não era a mais apropriada, gostaria de ter feito a visita num mês de maio. Nada impede que meu retorno se dê num mês de maio, não é mesmo? Bom, nada de Ninféias, mas nem só delas é feito aquele recanto. Aproveitei muito cada uma daquelas cores.




Monet residiu na propriedade de 1883 até seu falecimento em 1936. Ao longo dos anos, criou a paisagem que pintaria em suas telas. Temos a impressão que seus jardins saíram de suas telas, mas na verdade suas telas saíram dos jardins criados por sua sensibilidade. Ou seria o contrário? Impossível determinar. 




Sabe a famosa Ponte Japonesa? Pois é, o ponto mais concorrido do local. Em segundos já haviam pessoas sobre ela, alguns que ficaram lá por horas, sem a mínima cerimônia. Então, fotografá-la é um exercício de paciência, extrema. Mas, a desculpa de termos momentos a sós com a mesma, nos fez sentar num banco próximo, quando aproveitamos para conversar, curtir o entorno e cultivar o silêncio por alguns instantes - foram momentos deliciosos.





Dalí regressamos em direção a Casa e aos Jardins de Flores - flores que já estavam a todo vapor em sua floração. Claro, que se observarmos o calendário de floração dos jardins, nesse site , teremos de visitar o local todos os meses, de abril a outubro. 






Mas a nossa seleção de flores e cores estava espetacular. São canteiros e canteiros, recantos, flores de diversas espécies misturadas, num degradê de cores infinitas. 



Alguns caminhos são fechados, o trânsito é ordenado, mas nada que impeça de se perceber toda a beleza daquele lugar. As cores se sucedem, encantam. 




A Casa se encontra aberta a visitação, mas é proibido fotografar. Na verdade não havia vigilância, mas estava no espirito de respeitar as normas. O interior se encontra mobiliado, sendo que os dois ambientes pelos quais caí de amores foram a sala-de-estar / atelier do pintor e a cozinha. Na sala de convivência, os móveis permanecem dispostos como os vemos nas fotografias, com Monet junto às telas, alocadas em prateleiras. Naquele ambiente, com a vista do Jardim das Flores - logo abaixo das janelas, se tem um pouco da perspectiva do artista, de como aquelas obras são uma interação entre a sensibilidade artística/criativa e o ambiente. Ao final da visita, a saída se dá pela cozinha, um espaço amplo, com recipientes e panelas de cobre dispostos pelas paredes - mas meu encanto foi pelo belo fogão-a-lenha com caldeira (acredito que com serpentina), junto a porta. 





Acabou? Não!! Na saída tem uma loja/papelaria, com a venda de calendários, postais e boa variedade de papéis de carta. Além disso, camisetas e um recanto de sementes, para que o visitante possa levar consigo exemplares de tão belas flores. Preciso dizer que gastei muitos minutos naquele ambiente? Afinal, precisava renovar meu estoque de papéis de carta, não é mesmo? E digo: não encontrei conjunto tão lindo como o que adquiri lá em nenhum outro momento das férias (e olha que recebi dicas de uma amiga, mais viciada do que eu) - minha caixa é linda, recheada de papéis, blocos e envelopes que retratam pinturas do artista. 





Ao deixarmos a Fundação, passeamos pelo pequeno comércio existente no entorno e resolvemos dar uma espiada no Museu Impressionista - uma pequena e simpática exposição nos esperava.



Para finalizarmos a estada, antes de regressarmos ao ponto de ônibus, fizemos uma rápida refeição no café próximo a Fundação. 



Me parece que nem só de cores e perfumes são feitos os Jardins de Monet, mas de açúcares, também. 



E como foi colorido, perfumado e muito doce nosso dia!!! 



Informações práticas? Vamos lá: 

Giverny fica há pouco mais de uma hora de Paris. Como gostamos de determinar nossos horários e curtimos passeios em dupla, sem necessidade de nos integrarmos a grandes grupos, optamos por fazer o trajeto que separa Paris dos Jardins em transporte público. 

Pegamos o metro e descemos na Gare St. Lazare - esqueçam aqueles que dizem que é complicado, basta olhar o mapa na entrada da estação e ligar tracinhos! Na Gare (linda, diga-se de passagem), rapidamente, compramos um passe para Vernon - ida e volta, para facilitar. Ao chegar em Vernon basta seguir os pezinhos espalhados pelo chão e, alguns metros após deixar a estação, embarcar no ônibus em direção a Giverny - o pagamento da passagem se dá diretamente ao motorista. Aqui há a opção de aluguel de bicicletas. Poucos quilômetros, todos descem e rumam em direção a Fundação. Prático e rápido, como esse parágrafo! Depois é só aproveitar, se perder pelos caminhos floridos, deixar o tempo passar - e cuidar o horário do próximo trem, pois eles saem a cada duas horas. Na volta, já na Gare St. Lazare, que tal dar uma olhada na arquitetura e nas lojinhas maravilhosas - eu, que nem sou chegada em compras, carreguei uma sacolinha de lá. 




Para exemplificar nosso roteiro, frente ao relógio: pegamos o metro aproximadamente as 7h30min, chegamos na Gare St. Lazare as 7h50min. Compramos nossos bilhetes, validamos, procuramos por Rouen nos mostradores para localizarmos nossa plataforma e as 8h15min estávamos sentadinhas no trem, que sairia pontualmente as 8h20min. No retorno? Ônibus das 14h20min, que possuem os horários coordenados com os dos trens, nova validação do bilhete, mais um passeio pelos trilhos da França e, antes das 16h, já estávamos fazendo compras e tomando um café em St. Lazare. 



16 comentários

  1. Paulinha, meu sonho!!!! Estive em Paris a trabalho ou no inverno, jamais foi possível me deslocar para conhecer os Jardins de Monet. Menina, não existe nada igual no mundo. Jardins e telas, telas e jardins!! Lindo, lindo. Apreciei muito o relato e as fotografias estão lindas e muito bem dispostas ao longo do texto, encaixadas como já percebi que gostas de fazer. Beijinhos.

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    1. Era um desejo antigo, daqueles que temos desde sempre. E valeu a espera, isso garanto para você!! BjO!!!

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  2. Que sonho! Imagino o encantamento de vocês! Bela descrição, à medida que lia pude me sentir um pouquinho junto de vocês.
    Abraço!
    Sonia

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    1. Obrigada Sonia. A intenção é sempre essa, mas nem sempre é satisfeita. Que bom que viajaste um pouquinho conosco. Um abraço!!

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  3. Esse passeio está na minha lista há tempos, mas nunca consegui conhecer Paris fora do inverno. Já passei quatro invernos da minha vida em Paris e sou completamente apaixonada pela cidade. Imagine passar uma primavera??? Louquinha para conhecer os Jardins de Monet e os campos de lavanda da Provence :))
    Estou aqui imaginando o cheiro das flores!

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    1. Um perfume delicioso no ar.... Encaixei os poucos dias em Paris, exatamente por ser Primavera e desejar, muito, conhecer a Fundação. Valeu a correria!!! BjO!!!

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  4. Que lindo, Paula. E ficou mais lindo através das tuas letras e fotos! Vim conferir o texto pq sabia que ia ser intenso e especial.

    beijo!

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  5. Paula,
    Tenho a sorte imensa de conhecer bem a França e de ter passado de longos meses de estudo em Paris. Ter vivido a 3 horas de TGV da cidade das luzes também ajudou :)
    Conheço bem a Fundação Claude Monet, em particular os jardins, feitos para sonhar, para escrever, para ver passar fadas e sentir o perfume da magia no mundo...
    Linda, essa postagem! :)
    Beijinhos!
    Dulce

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    1. Um lugar de muitos encantos Dulce, para sonhar. Não escrevi, mas voltei cheia de palavras vivas, prontas para ganharem o papel, como ganharam. Obrigada! BjO!!

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  6. Passeio delícia... que ainda não fizemos!

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    1. Agenda na sua próxima estada, é muito mais lindo do que pensava. BjO!

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  7. Que relato gostoso de ler... Quase consegui sentir o cheiro das flores!!!
    Irei para Paris em janeiro e já estou frustrada por saber que os jardins estarão fechados. Pelo menos terei motivos para voltar né? hehehe
    Lindo post e parabéns pela sensibilidade!
    Beijão!

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    1. Motivos coloridos e perfumados. Não fui no mês que desejava, voltarei no alto da primavera. É um lugar encantador, de sonho, parece efetivamente saído de um livro de histórias infantis. Ótima desculpa, claro!!! BjO!

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  8. Imagina a minha felicidade! Chegou a hora de conhecer esta pintura viva!
    No ano passado, formas as tulipas do Keukenhof... Parece que nem gosto de flores... E fotos! Bjão

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  9. Não conheço Giverny. Penso que deve ser uma cidadezinha tranquila até chegarem os turistas que desejam o mesmo que a gente : apreciar o legado de Monet e curtir o lugar onde ele viveu e construiu sua linda obra.

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