Turistando por minha Cidade: um sábado em Porto Alegre.




No último sábado decidi turistar pelo Centro Histórico de Porto Alegre, só com minha câmera, um roteiro e o céu azul, num lindo dia de sol. 


Meu ponto de partida foi a Praça da Matriz. Uma caminhadinha até o MARGS - Museu de Artes do Rio Grande do Sul, com uma parada para fotos da Biblioteca Pública. Ainda na Praça da Alfândega me direcionei para o Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, instalado no antigo e belíssimo edifício dos antigos Correios. Pulei o Santander Cultural e fui direto para o histórico prédio da CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica, já na Rua da Praia, onde está instalado o Memorial Érico Veríssimo. Bom, depois de quatro horas de andanças e belas exposições, uma pernada ladeira acima, retornei para a Praça da Matriz, onde encerrei o roteiro com uma visita a Catedral Metropolitana. 




A Praça Marechal Deodoro - Praça da Matriz, é o centro do Poder Gaúcho. O monumento central é em homenagem a Julio de Castilhos. Em seu entorno estão os ditos três poderes: Palácio Piratini - sede do Governo Estadual, o Palácio Farroupilha - sede do Poder Legislativo e o Palácio da Justiça - sede do Poder Judiciário. 





Sou fã da Deusa Themis existente na fachada do Palácio da Justiça. Conseguem perceber que ela está de olhos abertos? Sim, aqui pretendemos que a Justiça não seja cega! 



Na fachada lateral do Palácio Farroupilha - Assembléia Legislativa, há um painel de Vasco Prado, onde reflete o sol e por onde as luzes iluminam as noites. 



Há uma brincadeira corrente que diz ser a Praça a sede dos cinco poderes estaduais, quando são acrescentadas a Catedral Metropolitana - sede do Poder Católico, bem como o Palacinho - sede do Ministério Público Estadual. 

Seguindo nessa linha, incluiria, então, o Teatro São Pedro - como sede Cultural e, talvez, o que de melhor tenha no entorno de tão importante praça. 


Me fixando no patrimônio cultural da cidade, afirmo que uma passadinha pela Praça da Matriz é indispensável para quem pretenda conhecer a capital dos gaúchos. 

Há muito de história gravada naquelas pedras portuguesas que calçam as alamedas. Foi a partir dos porões do Palácio Piratini que Leonel Brizola e sua Rádio da Legalidade garantiram a posse de Jango como Presidente da República, quando Jânio renunciou ao cargo. Lembram disso? A Campanha da Legalidade, que mobilizou os gaúchos, garantiu um restinho de Democracia, antes de vinte anos de Ditadura Militar. De uma casa vizinha partiria, em abril de 1964, o mesmo Brizola rumo ao exílio em terras uruguaias. 

Ao longo das décadas tem se fortalecido como um ponto de manifestações e comoções públicas. Em seu entorno grupos de mobilizam, choram a passagem de pessoas ilustres ou, apenas, curtem os finais de tarde sob seus ipês e jacarandás. Como esquecer centenas de professores acampados por meses e meses, tocando insistentemente suas sinetas na década de 80? E as batalhas entre Professores e a Brigada Militar, quando os trabalhadores eram corridos por cachorros e cavalos ladeira abaixo? Sim, vimos muito disso por essas ruas. Mas, mais que tudo, como esquecer do bis do espetáculo Tangos e Tragédias, com todos reunidos na praça após a saída do teatro, nas quentes noites de verão? Foram noites felizes e barulhentas (era feito um jogral após o espetáculo, com a participação de todos), por vinte e sete verões - sentirei muita saudade. 

Segui meu caminho até o MARGS, com uma paradinha na Biblioteca Pública, que estava fechada. Algumas fotos depois, fui em direção a Praça da Alfandega, aquela junto ao Guaíba e onde realizamos anualmente a Feira do Livro. 


No meu museu preferido na cidade, visitei a exposição das obras de Gilda Vogt, em várias fases. Interessante. 



Pena que meu salão predileto estava fechado para a montagem de outra exposição. Tive que me contentar com os ladrilhos da entrada, apenas. Eternamente apaixonada pelos ladrilhos e tacos de madeira que revestem os andares do museu. 


Saindo dali me direcionei para o prédio ao lado, antiga sede dos correios e que abriga o Museu dos Direitos Humanos, para a exposição que impulsionou meu passeio: "Os novos brasileiros: os Alemães no Rio Grande do Sul". 





O prédio histórico é deslumbrante. As escadas e as grades do portão de acesso são lindas - chamo o portão de porta rendada! 




Espetacular, apenas espetacular. Uma exposição singela, mas com uma narrativa maravilhosa. Havia muitos idosos no local, em sua maioria alemães ou seus descendentes, o que permitiu ainda uma interação com as histórias que iam sendo narradas a medida que viam documentos, fotografias... 





Na parte superior as portas que dão acesso as sacadas estavam fechadas, impedindo que fossem fotografadas a fachada do edifício e a praça - acho que são o melhor mirante da praça. 

Queria muito visitar o Memorial Érico Veríssimo, pois já havia tentado e estava sempre fechado. Vergonha própria: não conhecia a casa de meu mais querido romancista! 

Conhecia o prédio, do tempo que tínhamos que buscar a segunda via da conta de energia elétrica, a cada greve dos correios - informação direto da era pré-histórica. O que acham do vitral? 


Os espaços destinados ao acervo e a história de Érico são deliciosos. Visitei dois, que estavam abertos. A biblioteca é aconchegante e, além de seus livros, possui uma área para leitura. Um oásis no centro da cidade, mas que no horário do almoço de sábado estava vazio. 



Em outro andar me encantei com a contemporaneidade com que as obras estão expostas. Um misto de áudio, vídeo e iluminação perfeitas, bem ao estilo do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo. Foi gostoso reencontrar com o autor de quem li toda a obra, além de reler diversos livros. 



Já me preparava para deixar a casa quando o elevador parou no andar onde outra exposição faria eu reencontrar outra paixão, Caio Fernando Abreu. 


Numa pequena sala estavam reunidos muito de sua histórias, em documentos, livros e objetos pessoais. Organizada com simplicidade, era completada pela voz proveniente de um video que rolava no último ambiente. 

Numa prateleira, alguns de seus livros - fiquei feliz em encontrar entre eles exemplares de livros que possuo na minha estante. Sempre uma emoção rever e reler Caio - já contei que nosso escritório quase teve como sede sua antiga casa? Sabem aquela casa das fotos em que ele aparece no portão? Sim, fica aqui ao lado do escritório e seu pé de Bougainville continua florindo nas primaveras. 


Meu passeio estava redondinho, poderia ter acabado ali, mas tinha que retornar para a casa, lá no alto do Centro Histórico. Depois de quatro horas de andanças, aproveitei um dos bancos da Praça da Matriz para um rápido descanso, antes de encerrar o passeio curtindo os detalhes e os vitrais da Catedral Metropolitana. 



Foi um sábado perfeito! 




11 comentários

  1. Morava em uma cidade com tanta história e não dava a devida importância. Agora que moro em um lugar que não tem absolutamente nada para fazer, sinto falta dessas coisas; de ir a museus e centros culturais; de ver uma arquitetura bonita, etc...
    Quando tiver a oportunidade de voltar a POA vou andar por esses lugares ;) Bjs

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    1. É engraçado, as pessoas me perguntam como moro em Porto Alegre, pois não há nada para fazer por aqui, acredita? Tem sim, exposições, concertos e etc. Claro, não no aporte de São Paulo, mas há muita coisa legal. E, como viajo muito pelo interior do Estado, percebo que também por lá há muita atividade cultural. Considero que o grande problema é que não percebemos muito nossa cidade, o lugar em que moramos, entende? É tão mais gostoso passear pelo alheio, pois é tudo novidade. Sabe o que dificilmente faço? Ir ver o por-do-sol nas margens do Guaiba (a atividade preferida da galera) - mas, quando faço, é como se tivesse ido a Paris!! Tudo é uma questão do "olhar". BjO!!

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  2. Pena não morarmos na mesma cidade, é assim um passeio que me vejo fazendo; lentamente, olhando, registrando, sentindo cada objeto. Excelente postagem!
    Abraço!
    Sonia

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    1. Adoro Sonia, andar, olhar, fotografar e pensar na vida. Ela parece tão mais bonita em meio a um passeio sob ipês floridos, não? BjO!!

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  3. Adorei o post. Concordo com você, é tudo uma questão de olhar. Pena que estive aí em Porto Alegre no final do ano, passei 2 dias apenas e era virada do ano, a cidade estava meio vazia, meio fechada, eu sozinho sem ter me planejado direito, não deu para aproveitar muito. Mesmo assim deu para curtir alguns lugares, mas seu roteiro me deu vontade de retornar e explorar ainda mais. Beijos.

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    1. Retorne Fábio, com seu olhar para fotografias sairão lindas imagens. Agora, final de ano não é uma época apropriada, todos pegam as estradas em busca de sol e mar, a cidade fica triste. BjO!

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  4. Adoro Porto Alegre mas conheço menos do que eu gostaria. Este centro, por exemplo, é um dos meus lugares favoritos. A catedral, o Teatro....já fiz o tour com o ônibus. Cidade linda!!!
    Beijos

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    1. Todo final de semana digo que farei o tour de ônibus, que agora trabalha em suas rotas, mas nunca fiz. Nunca!! Como aproveitamos pouco o que temos em casa, né? BjO!!

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  5. Paula este tour de bus também esta nos meus planos, acho que agora na primavera é um bom momento! Achei muito lindo teu post. E com dizem: Porto Alegre é legal!!!

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    1. Acho a primavera a melhor época, especialmente para quem gosta de fotografar e não curte um sol excessivo. Pretendo fazer o do centro histórico, pelo menos. BjO, Glacy.

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  6. Linda a nossa Porto Alegre! Amo esse trajeto Praça da Matriz - Praça da Alfândega, cheio de história e beleza! São as mais belas com certeza! Viva o olhar diferente! Bjs

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