Bagé: a Rainha da Fronteira, na Rota Farroupilha.


Rodamos, rodamos e, depois de alguns dias,  chegamos nas terras que melhor conhecia, onde pisei com aquele tanto de posse, de estou em casa: Bagé, a Rainha da Fronteira.

 
Muitas vezes estive na cidade a trabalho, passei dias, semanas, sem jamais deixar de descobrir um cantinho novo, um restaurante interessante ou ouvir uma história nova sobre as lutas, aventuras e desventuras dos antepassados daquelas terras.

 
Distante 380Km da capital, a cidade tem sua base econômica na pecuária, ovinucultura e agricultura, é o polo universitáro de sua região e, nos últimos anos, desenvolve belos trabalhos nas áreas de enoturismo e no cultivo de olivais. Foi rica e progressista, passou por dificuldades, empobreceu um tanto junto com o Estado, mas busca alternativas e se fortalece.
 
Ali, naquelas terras que fazem fronteira com o Uruguai, onde sempre nos misturamos um tanto, onde a língua enrola daqui e dali e todos se entendem num portunhol divertido, homens lutaram por novos tempos. Bagé teve importância estratégica para farrapos e imperialistas, por seus campos o sangue foi derramado, por lá as lágrimas rolaram e as espadas bradaram ao longo da Revolução Farroupilha. Batalhas pelos campos, trincheiras na praça central e ocupações, por legalistas e revolucionários.
 
Estancieiros, riqueza e certo refinamento. Herdamos os casarões com suas janelas de vidros aparentes e jateados, suas casas com duas portas de entrada, o mármore e tantos outros sinais de bonança, de poder. Na vida e na morte, pois a cidade conta com um interessante conjunto de arte cemiterial, com túmulos e esculturas trazidas de navio desde a Itália e França.
 
Hoje a cidade recebe turistas e estudantes com uma boa rede hoteleira e de gastronomia, oferece alguns tours e as belezas de uma cidade típica do sul gaúcho.

 
Onde ficar ?
 
Conheço três dos principais hotéis da cidade, todos na região mais central, que também conta com opções em hotéis fazenda maravilhosos.
 
Com as meninas retornei ao Fenícia, agora sob nova direção e cheio de novidades. Situado junto a praça central da cidade, ao lado de todo o centro nervoso, empresarial e financeiro do município. E a vista?

 
 
O pessoal nos ofereceu hospedagem no sexto andar, para conhecermos o mais novo projeto da casa, que se molda em parceria com produtores da região. É um andar temático, com suítes vinculadas aos vinhos e azeites produzidos ali.


Dunamis, Batalha, Peruzzo e outros. Cada suíte com uma cor, com seu charme e com vinhos e espumantes disponíveis para o consumo.


 
Me hospedei num lindo hotel em Montevideo, com um projeto semelhante e vi no esforço do pessoal um ato de empreendedorismo, que visa dar ao empreendimento um diferencial turístico. Nem tudo está concluído, a loja no andar térreo ganhava os últimos retoques e ainda não estava aberta ao público - a Boutique do Pampa, algumas suítes recebiam acabamento e o restaurante no último andar ainda não saira do papel. Mas, o que encontramos já demonstra que o caminho está bem traçado e, mesmo com as dificuldades financeiras que assolam o Estado, aos poucos todos os detalhes estarão concluídos e será o único hotel temático da região.


 
As suítes ganharam móveis novos, muita madeira como é típico das residências da Campanha Gaúcha, além de cores. O café simples, mas delicioso.


 
 
Suíte Vinícola Peruzzo, onde Gardens ficou hospedada.
 

 

Suíte Azeites Batalha, minha casa por dois dias.

 


Suítes Vinicola Dunamis, com dois quartos e as mais simpáticas, com uma linda vista da cidade, onde a Rô curtiu suas noites, em Bagé.


 

Conforto e um atendimento simpático, com equipe em treinamento. Café e chimarrão, ao lado do elevador, com água quente sempre disponível para quem chega ou saí. 



Dois pernoites depois quiseram saber nossas impressões sobre o trabalho que estava sendo desenvolvido, pois querem agregar informações, melhorar e melhor receber. Gostei.


Na última noite, um brinde entre amigos (e com docinhos de Pelotas).


 

Informações – Hotel Fenícia:
Endereço: Rua Juvêncio Lemos, 45 – Centro
Telefone: (53) 3242 8222
Website:
http://feniciahotel.com.br/



O que e onde comer ?
 
Como se pode imaginar, as carnes são o centro da culinária rio-grandense e Bagé mantém as tradições gaudérias. Bovinos de origem europeia, com sua carne marmorizada, criados a pasto no Pampa Gaúcho. Novilhos jovens que proporcionam assados macios e suculentos. Ovinos laneiros, que dão origem a melhor carne de ovelha existente - quem já comeu carne de ovelha frita (cozida na própria gordura) ?
 
Bom, dessa feita conheci o Galeto e  Churrascaria Mário. Fartura típica, muitas carnes em seus mais variados cortes e um buffet de saladas, legumes e pratos quentes. Não é turístico, é voltado para trabalhadores e moradores. Fotos? Não ficaram legais.
 
Nas vezes anteriores sempre dividi as refeições entre o Kitchen (sempre encontro carne de ovelha, deliciosa, no buffet de almoço), pizzas deliciosas da Bittencourt ou da La Piedra, além do melhor espeto corrido da região, um dos poucos que ainda servem rim ovino assado, a Betemps. Para noites frias, que pedem um caldinho, ou naquelas em que o desejo é apenas de um lanche leve a Padoca supre nossas necessidades com seu Xis delicioso ou suas tábuas de carnes e pães.
 
Não há o menor risco de não encontrares algo delicioso e um lugar agradável que seja na sua medida. Se calorias não forem problema, sempre haverá nos menus maravilhosas opções de doces portugueses, compotas e doces de tacho - doce-de-leite empelotadinho (tipo ambrosia, mas mais escuro e muito mais doce), mu-mu (o doce-de-leite em pasta), marmeladas, pessegadas, figadas e tantos outros.
 

Informações:

Galeto e Churrascaria Mário
Endereço: Rua Hipólito Ribeiro, 31
Telefone: (53) 3242 5064


Betemps
Endereço: Avenida Santa Tecla, 1.626
Telefone: (53) 3242 3459


Restaurante Kitchen
Endereço: Sete de Setembro, 612
Telefone: (53) 3242 1853


 
City Tour
 
Oferecido pela Tchê Fronteira, que nos levou para andar pelas ruas da cidade, fotografar o centro histórico, a Catedral, além de possibilitar a entrada no lindo Palacete Pedro Osório.


 

Bagé conta com antigas residências, de ricos estancieiros, que se encontram muito bem conservadas. A grande maioria ainda habitada por famílias abastadas. Prédios cheios de detalhes, como as famosas portas e lindas janelas com vidros em cristal jateado.


 

Algumas casas centenárias, simples e típicas da região.


Já o Palacete é utilizado por uma repartição pública, que o conserva como dá. Se vê um esforço em manter características e adornos, mas há muita infiltração.



 
Ele é lindo, acolhedor e conta com uma área verde, jardins que até alguns anos permaneciam abertos como um parque para ser utilizado pela população.

 
Não pude subir, mas o pessoal se divertiu bastante e fez lindas imagens na cobertura.

 
Fiquei com os pés firmes no chão, enquanto apontava minha lente para cá e para lá.



 
A Catedral nos recebeu silenciosa, mas cheia de cores.




 

Dali direto para a Cidade de Santa Fé, a cidade cenográfica das filmagens de O Tempo e o Vento, obra de Érico Verissimo.


 
Depois de tantas histórias, de tantas imagens de batalhas que criamos em nossas mentes criativas enquanto a história se mostrava nas ruas e casarões da cidade, foi como entrar num livro de história e virar personagem.


 
Certeza que Santa Fé nos recebeu após uma grande batalha, onde parecia que tropas ainda espreitavam aqueles que tentavam, no interior das residências, não sucumbirem ao cerco. A obra de Érico é uma epopeia, que na trilogia tenta mapear a formação do povo gaúcho desde a divisão das terras entre portugueses e castelhanos, até os primeiros anos do século passado. Duzentos anos de histórias, entremeando ficção e fatos históricos, passando pela Revolução Farroupilha e pela Revolução Federalista. Pois bem, estava ali, percorrendo os caminhos lamacentos das histórias da meninice, da trilogia que me encheu de imagens e sonhos nas noites frias de um inverno da década de 80. Pude ouvir as palavras sensatas de Anna, os passos firmes de Pedro, as gargalhadas do Capitão Rodrigo e os suspiros de Bibiana.

 
O Minuano não nos poupou, fez música ao dobrar quinas e esquinas, como sempre o fez ao percorrer as folhas do Tempo e o Vento.

 
Já estaria feliz se o passeio tivesse encerrado ali, naquele final de tarde nublado, mas o pessoal da Tchê corria contra o tempo.
 
Uma visita ao Centro Histórico de Vila Thereza. O esforço em preservar, uma vista linda, uma Capela Histórica e um auditório moderno e que abriga festivais, inclusive internacionais.



 
Preciso retornar, com calma, pois há muita história para ser redescoberta ali.


 
Na Capela, enquanto mirava para fotografar a linda escada, lá correram Gardens e Gleiber. Pronto, entraram na minha foto e eu toda irritadinha, claro. Olham e dizem, vamos fazer pose para você: e lá vai a Gardens em seu momento sem supervisão, fingir que acerta o Gleiber com o pé - foi por bem pouco, melhor deixar a menina sob supervisão.


 
Última parada no, para mim já conhecido e muito querido, Museu Dom Diogo, no antigo prédio da Beneficência Portuguesa.

 
Chegamos ao anoitecer, mas os funcionários foram simpáticos e retardaram o fechamento, para que pudéssemos visitar as salas. Nos acompanharam, foram explicando um pouco sobre a importância de cada estação.
 
A organização, bom gosto da disposição das peças e a pesquisa histórica envolvida são um exemplo para as demais cidades. É um lindo museu.
 
Na saída, muitas fotos, brincadeiras e gargalhadas.

 
Queríamos uma bela foto da bandeira do Rio Grande. Cinquenta tentativas depois, a bandeira molhada resolveu se abrir para nossas lentes. Obrigada, bandeirinha!


 
E a pose do Gleiber? O menino faz lindas imagens, mas é pura concentração.

 
 

Informações:

Agência Tchê Fronteira
Endereço: Rua Doutor Freitas, 36
Email: fronteiraturismo@bol.com.br
Telefone: (53) 3247 3256



A #RotaFarroupilha na Rádio Difusora
 
Para diversão de Roberta e Gardênia e para desacomodar a minha timidez e a do Gleiber, uma entrevista na Rádio Difusora. Tá, foi fácil, tranquilo e até divertido (não que precise repetir, é claro). Fica aí o registro.
 

imagem cedida pelo Andarilhos do Mundo

City Tour Arte Cemiterial
 
Na última manhã na cidade fomos conduzidas pelas queridas guias da Baye Turismo, que nos recepcionaram em nossa chegada na cidade, ofereceram o primeiro jantar e nos acompanharam em todos os momentos. Meu muito obrigada para a Kaká, Dorvalina, Iara e Anna Lenir.
 
O Cemitério Municipal de Bagé é reconhecido por seu belo acervo de arte cemiterial.
 
Uma ala comum e mais nova, florida.

 
Noutra, a mais antiga, marcos de tempos de riqueza. Túmulos em mármore e granito e esculturas em ferro e bronze, vindos da Itália e da França.





 
Muitas imagens, algumas imponentes.





O túmulo do General Netto, proclamador da República Rio-Grandense.


 
Conjuntos interessantes.


 
Uma festa para as lentes.
 


 


Informações:

Baye Turismo
Email: bayeturismoeviagens@gmail.com
Telefone: (53) 9957 1298

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Em Bagé tivemos a parceria do Hotel Fenícia, do galeto e Churrascaria Mário, da Tchê Fronteira e da Baye Turismo, que nada cobraram pelos serviços disponibilizados. Entretanto, as opiniões aqui expostas não sofreram quaisquer influências ou limitadores.

A viagem #RotaFarroupilha é um projeto do Territórios e do As Peripécias de uma Flor, em parceria com os blogs Café Viagem e Mochilinha Gaúcha, que contou com as participações especiais de Andarilhos do Mundo e da jornalista Criz Azevedo. O roteiro teve o apoio de empresas regionais como BC&M Advogados e Agropecuária Sallaberry, além do suporte do Sebrae Costa Doce e de algumas secretarias de turismo. A viagem usou como base o Caminho Farroupilha elaborado pelo Sebrae RS e oferecido, como pacote turístico, pela Tchê Fronteira Turismo, de Bagé/RS.



Índice das postagens da #RotaFarroupilha:

Pelotas: muitos passeios, delicias e doçuras.

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