Pelas ruas de La Habana!



Outra hora escreverei mais sobre os bairros, sobre as atrações, sobre muitas coisas que vi e vivi em Havana, mas hoje quero me sentir pisando naquelas calçadas, ganhando as ruas, curvas, quinas e esquinas da cidade. 





Quando penso nas experiências vividas em Cuba percebo que, quase todas, estão muito ligadas ao ato de andar, de percorrer as ruas, de deixar o sol queimar a pele, sem compromisso e de chegar ao final do dia suada, da forma que normalmente odeio. Em Havana até suar, permitir que o diesel grudasse na pele e nas roupas, parecia fazer parte do pacote. 




Percorrer as avenidas, ruas, vielas e praças foi a experiência mais completa, que nos permitiu testar limites, colocar em cheque nossas certezas e deixar que as histórias, dores e amores nos invadissem. 




Bancos, como há bancos para sentar e ver a vida passar...



Do moderno ao antigo, do suave ao bruto, do amparo ao desamparo, todas as visões e sensações acondicionadas num mesmo pacote, de forma permeável.  






A cidade para o turista ver e a cidade para o turista que quer ver. 




No primeiro dia espiamos um cantinho da cidade, a vimos grandiosa e tímida, interiorana e globalizada. O encanto está nessa mistura, nesse pouquinho de tudo, dentro do quase nada. 



Acordamos para viver Cuba a partir do segundo dia, com olhos e ouvidos aguçados, curiosos. E os choques e encantamentos vieram, duros e cheios de cores. 






12/04/2015 foi o dia mais intenso, foi quando vimos e ouvimos a Cuba que tanto desejei conhecer. Nesse dia caminhamos, caminhamos, rodamos, rodamos e rodamos por Havana. Não pense que esse repeteco de expressões não possuem um sentido, pois somente com ele se pode tentar dar cores ao que foi vivido, somar coisas tão antagônicas e que lá parecem ser homogêneas, se completarem. 







Poderia usar o trivial e dizer que as histórias estão nos carros e nas casas, pois estão. Mas lá, mais que em qualquer outro lugar onde já tenha estado, estão na poeira das ruas, na fuligem das descargas e nos silêncios e sons das ruas. Equações que se perfectibilizam, que explicam e que comovem. 





Minha história com aquele lugar ficará marcada sempre pelas cores dos carros e pela falta de cores das fachadas da Ciudad Vieja. 






Andei por aquelas ruas vendo além do que as ruínas aparentavam, para mim aquelas fachadas, paredes e corredores úmidos e fétidos contavam histórias, estavam cheios de sentimentos. 







Não bastou andar pelas ruas, passamos portões, entramos em casas, conhecemos pessoas. Ouvimos a música e o silêncio, com a mesma intensidade, com o mesmo prazer e curiosidade. 



Os habaneros andam pelas ruas, mas também jogam seus pensamentos e desejos ao mar...



Vimos o amanhecer e o anoitecer, nos perdemos escuridão adentro para nos acharmos um pouco, para enchermos nossas vidas com outros sentidos. 





Uma cidade que se enquadra, fotogênica, não? 



Se os dias são cheios de encantos, as noites nos ganham com os mistérios da escuridão, dos sons que, ao silenciarem os automóveis, vazam por frestas, por portas e janelas das vielas do bairro antigo. 





Permitimos que nossos olhos se acostumassem ao breu das ruas e becos, deixamos que as histórias da velha cidade iluminassem os caminhos.





Vencemos o medo (sim, por mais que digam ser seguro, o medo está arraigado, viaja conosco e teima em nos manter alertas), passamos horas fotografando a noite, as sombras e mistérios. 




Minhas pernas não foram capazes de alcançar tantos cantos, tanta história, mas encontrei nos simpáticos "Coco Táxis" minha liberdade. Deixei que me levassem pelas largas avenidas e pelos apertados becos da cidade, com os cabelos ao vento fotografei e observei a cidade que se mostrava. 









E o charme da história, tão cheia de traços hispânicos? 






Descobri La Habana em muitos sentidos, vi cores e escuridão, ouvi histórias nas vozes e nos silêncios. Foi paixão, é saudade. 





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