Castelinho Caracol: Casa de Chá e Museu, em Canela.




Enquanto portugueses e espanhóis que chegaram por essas bandas do Sul se misturaram aos índios e estabeleceram a produção em estâncias e charqueadas, enquanto os libaneses foram se multiplicando com suas casas comerciais, alemães e italianos ocuparam as regiões dos Sinos, Serra e Norte gaúchos, trazendo um conhecimento mais técnico, farta mão-de-obra proveniente de famílias numerosas e muita vontade de "fazer a América" - todos por aqui fomos contagiados e cantamos "Mérica-Mérica", afinal. 

O casal Pedro e Luiza Franzen é um  exemplo, descendentes de alemães, se estabeleceram na cidade de Canela e no período de 1913/1915 construíram uma das primeiras residências da região, o Castelinho Caracol, hoje uma simpática Casa de Chá e Museu. 



O casal teve seis filhos, sendo que os últimos três nasceram no Caracol. Pedro foi um homem de visão preservacionista, um apaixonado pelas terras e pinheiros comprados a partir de 1910. Marceneiro talentoso, trabalhou na terra e na serraria, construindo para a família esse lindo Castelo, que se encontra aberto para a visitação desde 1985. 



É difícil precisar o que é mais bonito e gostoso de visitar, é um conjunto. Por hora o único custo para os turistas é o ingresso para o Castelinho, onde fica a casa de chá e um pequeno museu com objetos antigos e que contam um pouco dos hábitos das famílias que habitavam a região. 



Para quem deseja apenas passear, andar pela serraria, passar a ponte, curtir o barulhinho das águas do arroio, não há custo. Mas já está sendo construído um pórtico de acesso na propriedade, próximo da primeira casa da família, daquela que os abrigou enquanto o Castelo era construído, por onde os visitantes acessarão o complexo mediante o pagamento de um ingresso. É compreensível a cobrança de valores, eis que circulam por lá aproximadamente uma dúzia de funcionários. 

Muitas vezes havíamos passado por ali, mas sempre deixávamos a visita para outra oportunidade - coisas de quem mora pertinho e está sempre planejando o retorno. Pois bem, dessa vez nos deixamos encantar. 

Só andar pela área externa já foi um deleite. Deixamos o carro no estacionamento e fomos caminhando, reconhecendo objetos antigos que nos são extremamente familiares, debrulhadores de grãos, traçadores (confesso que bem mais encorpados do que aqueles da casa de meu avô), carretas, trilhadeiras, entre tantos outros. 







Chegamos numa placa, que nos indicava o horário de funcionamento da ponte, uma belíssima construção que nos possibilita ir ao outro lado do arroio, onde há um lago e uma área verde linda - fomos explorar. Reparem na beleza dessa ponte coberta e com portões de acesso, que emoldura o arroio e proporciona momentos de relaxamento, meditação e de absoluta paz para aqueles que se dispõe a curtir o momento - claro, sempre há uma família de seres barulhentos para quebrar o encanto. 






Em meio a tantas belezas, tantos detalhes, até os animais recebem atenção. Para os pássaros, um pequeno buffet e para os pets, um espaço para serem deixados com tranquilidade enquanto a família acessa a Casa de Chá. 




Fora a construção principal - o Castelinho Caracol, há galpões fechados e abertos, a serraria, além da primeira casa da família. 





Na primeira casa que abrigou a família quando da formação da propriedade, há uma loja com venda de souvenires, além de móveis antigos e de um fogão de chapa. A senhora responsável é uma contadora de histórias, de belas histórias - leve dinheiro, não aceitam cartões de crédito na propriedade. 




Deixamos o Castelo para o final, desejávamos conhecê-lo e aproveitar o salão de chá. Há um cardápio com doces, salgados, chá, sucos e refrigerantes. Mas qual o objeto de desejo de todos que lá estavam? O apfelstrudel (torta de maça) mais gostoso que já provei na vida, servido com ou sem sorvete, quentinho. Saído direito do fogão a lenha esmaltado e importado da Alemanha, que se encontra fumegante na cozinha, aberta a visitação. Fogão que tem histórias para contar, eis que hoje é bastante difícil encontrarmos um com o sistema antigo de serpentina - distribuidora de água quente para a casa, a partir do aproveitamento do calor do fogo do fogão.






A construção foi toda feita com madeira de Araucária (pinheiro tipico da região, aquele que produz nossos deliciosos pinhões), sem o uso de pregos, apenas no sistema de encaixes e com o uso de parafusos. A madeira utilizada recebeu tratamento biológico no próprio local, com a imersão no arroio por seis meses e posterior secagem ao sol por outros seis meses (o que deixava a madeira sem resina e muito mais resistente). A construção possui 12 cômodos e uma torre, foi projetada por um arquiteto alemão, com energia gerada por uma roda d'água (moinho) instalada no arroio. 




Os cômodos da casa estão decorados com os objetos da família. Passamos pela sala de jantar (mesa com centro giratório, própria para famílias numerosas), quarto do casal, sala de música e banheiro. 





Junto a cada porta uma placa informativa. No corredor, muitas fotos que contam a trajetória da familia. 



No piso superior o quarto para visitas, de utensílios, o socavão (onde se encontram guardadas muitas ferramentos de uso na propriedade), sala de costura, quarto dos brinquedos... 




Num dos quartos o carrinho de bebê é o centro das atenções.



No socavão encontramos celas e celins (para mulheres andarem sentadas de lado). 



Na despensa, toda a sorte de ferramentas e de utensílios domésticos, com destaque para a geladeira a querosene (desse modelo não conhecia, apenas a gás) e para batedores de manteiga. 





A sala de costura conta ainda com as mesas onde as filhas do casal costuravam, com mesas, máquinas de costura e muitos ferros de brasa (adoro eles). 



Nada é mais bonitinho, entretanto, do que o quarto de brinquedos. Olhe a foto e se delicie com as pequenas fofurices. 



A Torre possui ângulo de visão de 180º e o local era utilizado para a secagem de penas e lã, para confecção de travesseiros, colchões e acolchoados (sim, edredon é modernidade).



Vitrines com objetos pessoais dos antigos moradores também demonstram o cuidado com que a história está sendo preservada. 






Quem me conhece sabe que adoro uma quinquilharia. Então, como não amar as chaves? Olhem a maior, dessa fechadura antiga! 




Um lugar delicioso, para horas agradáveis e muitas fotos. Aberto todos os dias, das 9 às 13 e das 14h20min às 17h40min, com ingressos custando R$ 10,00. O endereço é Estrada do Caracol - naquele trevo entre Gramado e Canela, Km 3. 

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