PORTO: andanças por entre azulejos - parte 1.



A cidade do Porto, no norte de Portugal, é um lugar para caminhadas, para se ver ao longe e para se olhar em direção ao céu. Muito do que tem a oferecer está em seus caminhos, em suas fachadas coloridas por azulejos muito azuis. Mas está também em sua gente, uma mescla de jovens moderninhos e senhoras que parecem saídas do túnel do tempo. São descobertas para se fazer com tempo, a partir da observação, da interação. 

Bom, mas nossa passagem seria mega rápida e não havia tempo para tanto. Para piorar? Pouco mais de uma hora após nossa chegada o tempo virou, as muitas pombas voaram freneticamente e as senhorinhas se puseram a andar rápido, muito rápido, e em poucos minutos todos haviam desaparecido, as ruas se encontravam vazias.



Quando o tempo fechou estávamos próximas a Capela das Almas de Santa Catarina e entramos, bem no final da missa e quase fomos atropeladas pelas senhoras que desejavam fugir do temporal anunciado por aquelas que chegavam a porta. Sensação de que estavam anunciando o inicio de uma Grande Guerra, tamanha a pressa e desespero. E nós? Não tínhamos mesmo para onde ir, seguimos nosso curso, fotografando, bisbilhotando...



Hum, e que delicia o aroma de castanhas assadas pelas ruas!! Olha a fumacinha aí...


Uma paradinha na Confeitaria Majestic, muito mais para conhecer aquele ponto de encontro histórico do que pelas delicias (rá!!).





E nós? Cheias de gás e ávidas por movimento e descobertas. Saímos a andar pelas ruas acompanhadas de uma garoa fina e insistente, desnecessária para dizer o minimo. Mas partiríamos no inicio da tarde seguinte, aquela seria nossa noite naquela simpática cidade e tem luzes e tons que só a noite nos permite observar. E lá fomos...


A noite deserta daquele centro histórico, entretanto, não parecia muito acolhedora. E como diziam os antigos "cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém" (adoro canja, por falar nela) e, assim, evitamos nos embretar por caminhos muito desertos e muito escuros. Não se ouviam vozes, nem ao longe.


Como havíamos tomado café e chocolate quente na Confeitaria Majestic logo após a nossa chegada e feito um pequeno, mas saboroso lanche numa padaria para nos protegermos da chuva no momento do rápido temporal, aproveitamos para empreender pequenas caminhadas de modo a deixarmos o jantar para um horário mais avançado. E onde estaria movimentado o suficiente para termos uma sensação minima de segurança? No interior da bela Estação Caminhos de Ferro de São Bento - onde havíamos desembarcado horas antes.


Quando do desembarque demos singelas olhadelas, pois estávamos loucas por encontrar o hotel e deixar as malas. Mas à noite nos perdemos por entre aqueles azulejos (em torno de 20 mil peças), pelos painéis que contam um pouco de história, por entre seus moradores e viajantes.


A Estação São Bento é bela, pequena mas imponente, muito azul. Construída onde outrora fora o Convento da Ordem de São Bento, pelo desejo da população em contar com uma estação central, junto ao comércio local. O exterior feito a partir de linhas francesas do século XIX já atrai os olhos, mas nem se compara ao que se vê em seu interior, nos painéis de Jorge Colaço. O azul está nos painéis de azulejos de fundo branco que narram cenas históricas, entremeados com frisos superiores policromáticos que dão preferência a cenas da vida rural do inicio do século XX, que recobrem as paredes de granito lhes dando calor e beleza.  Entre as cenas históricas reproduzidas nos painéis temos a "Procissão de Nossa Senhora de Lamego" e "Familia Egaz Moniz frente ao Rei de Castela".



Havia uma pequena exposição contando a história da bela estação e por alí ficamos lendo aquelas informações e comparando com o que se via no entorno. 

Saímos e fomos dar mais uma perambulada pelas imediações, mas a chuvinha chata e fria (que nos pegava desprevenidas) nos fez pular o passeio e partir para o jantar, o que se mostrou uma decisão acertadíssima - mais alguns quartos de horas e teríamos feito jejum! E o que escolher naquela noite escura? Não havia muito o que pensar, nos dirigimos ao Café Guarany, bem central (na Avenida dos Aliados) e próximo ao nosso Hotel. Fundado na década de 30 era conhecido como o Café dos Músicos e hoje parcialmente remodelado, conta com o colorido dos painéis de Graça Morais.



E o jantar? Leve e delicioso, regado com um vinho suave. Ao final, "doçuras para adoçar" a noite escura!


Os hábitos diurnos daquele povo, a escuridão no centro histórico e a garoa nos fizeram encerrar as atividades turísticas daquela noite, mais cedo do que desejávamos - e o restante ficou para a manhã seguinte! 


2 comentários

  1. Paula, tudo bem? Gostei muito de receber seu comentário no blog (Um Olhar Novo), e ainda mais de saber que você o conheceu através da Luciana (@luangra). Seja sempre bem vinda! Vim conhecer o seu, e já me deparei com dicas da minha próxima viagem! Grande abraço! Ana Carolina

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  2. Que bom Ana, feliz por tê-la por aqui tb! Abraços.

    Paula

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