"Ontem um menino que brincava me falou,
Hoje é semente do amanhã...

Pensei em produzir um texto retrospectiva, pincelando o ano do Mochilinha, as viagens e os encontros. Foi um ano de planos e projetos bem sucedidos, de tantas histórias contadas e de tantas por contar - gostoso quando a vida nos proporciona mais vida do que tempo para narrá-la. Ao sentar para escrever, entretanto, a inspiração traiu a lógica e, então, resolvi dar vazão aquilo que, mais que tudo, fez diferença. 2014 foi um ano onde o mais importante não foi o que vi, mas por que ou com quem vivi para vê-lo.

Rodar no calor pelas praias da Bahia, para iniciar o ano, deu energia para o que viria, para o trabalho, para as surpresas e desventuras que estavam reservadas para mim.

Para não ter medo que esse tempo vai passar,
Não se desespere, nunca pare de sonhar...


Passar férias na Europa foi, mais uma vez, delicioso, em alguns aspectos instigante e sempre, sempre, o tornar possível o impossível, o curtir um gostinho de liberdade que só os mais íntimos, talvez, entendam.

Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs,
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar...


Escrever nesse diário minhas impressões sobre lugares lindíssimos foi maravilhoso, me fez curtir além da viagem, eternizá-la, um multiplicador do prazer.

Sinto como se escrevesse um livro, onde não há limites estabelecidos, onde as páginas, a métrica e as imagens se distribuem livres. Há espaços que vão além de mim, que estarão ai depois de mim. Um espaço onde sempre poderei buscar as memórias daquele instante, a imagem de tons talvez esquecidos, da pessoa que fui naquele momento - pois mudamos, nos transformamos, mas a base está no que construímos, no que vivemos.



Então, na tentativa de escrever uma retrospectiva no bloguito percebi que, talvez, o mais importante não tenha sido ter estado em Paris, mas num almoço de 40min em São Paulo. Talvez não tenha sido pisar em Roma, na minha Roma mais uma vez, mas ter andado de braços dados, numa tarde chuvosa, pela Urca. Não as lindas fotografias do ano, mas talvez as gargalhadas levadas pelo vento e que só subsistem na lembrança do momento.



Certamente, o que de mais especial aconteceu foi ter estado, por instantes especiais, com as pessoas que amo, que entre braços e abraços fizerem meu ano mais suave, o tornaram especial e me fizeram uma pessoa melhor. Olhares eternizados em segundos.

Fé na vida,

Um ano onde amigos virtuais pularam da tela, me encantaram - a Gabi e o Aleatório, meu poeta (já fui me apropriando, só esqueci de contar para ele, né lindão?). Onde uma turma simpática e conhecida nos recebeu numa tarde deliciosa em BSB - Mari, Diego, Camila e Marcelo. Que proporcionou um encontrinho de gaúchos, transformando um sábado nublado em divertimento - Carol, Glacy e Laura. Uma palestra com belas histórias, lindas imagens, na voz suave do Gabriel. Um reencontro com paulistinhas que ganharam o coração da dupla - Carmem e Ana.
Fé no homem,
E minha turminha do #eucurto? Pessoas especiais que estão cada vez mais perto, algumas intimas. Falta saltarem da tela para ganharem a vida e os bancos dos bares - Eduardo, Fabi (amiga de conversas doidas, né querida?), Ana, Karla, Natália, Dani, Thais, mais uma Thais e a minha amiga de desencontros (com a qual pretendo me encontrar nos próximos meses) a Tati.
Fé no que virá,

Foi especial? Muito, por cada ponte aérea POA/SP, por cada papo matinal (pois ninguém acorda mais cedo que ela), por cada etapa vencida, né Marcie?

Nós podemos tudo, nós podemos mais...

E o que dizer de ter tido, por mais um ano, a companhia de minha melhor companheira de aventuras? A quero sempre ao meu lado pelo mundo , mas dispenso a parte dos postes tombados, ok? Até porque o coração não está pronto, nunca estará, para telefonemas macabros como naquele sábado. Prefiro os papos ao sol, com a música das ondas.
Pronto, ai está a retrospectiva do Mochilinha, um ano de viagens sonhadas e realizadas, de imagens belíssimas e de pessoas especiais e inesquecíveis. Foi bom...

Vamos lá fazer o que virá"!

Um brinde a 2015, que seja mais um ano de infinitos Sonhos e de muitas Realizações.


Titulo e corpo do texto: "Nunca pare de Sonhar" (Sementes do Amanhã), de Gonzaguinha. Perfeita na voz de Erasmo Carlos.
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Anualmente a turma da RBBV - Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem organiza o Amigo Secreto dos Viajantes. O Jodrian do Aventura Mango toma a frente e convoca a galera, nos inscrevemos no site e, com o sorteio, começamos a remeter e receber lindos presentes viajantes. 

Participar é delicioso, uma grande interação, oportunidade de conhecer pessoas novas ou estreitar laços - o que acontece comigo nesse ano, pelas duas vias. Não conhecia a viajante que tirei e aproveitei para estreitar laços com a que me tirou, uma querida já da minha convivência. 





Somos tantos blogueiros de viagens, tantos apaixonados e, aos poucos, os caminhos se cruzam, percebemos afinidades, pessoas ganham voz, alguns se tornam amigos. Pois é, o mundo virtual aproxima, transforma @s em amigos, queridos. Assim surgiu o projeto #eucurto, idéia da Ana Luiza do Pelo Mundo Blog e, em poucos dias, a turma estava reunida. 

O grupo foi formado para a troca de experiências, vivências, local onde buscamos auxilio na hora da dúvida, onde discutimos angústias e anseios dessa vida de blogueiro. O resultado da interação são as dicas que oferecemos semanalmente ao público, aos nossos seguidores nas redes sociais - dentro de um esquema de rodizio entre blogs, quando escolhemos uma postagem que tenha nos interessado e divulgamos. Tem sido gostoso, a turma é ótima. 

Para fecharmos o #eucurto 2014 optamos por uma Blogagem Coletiva, para falarmos de sonhos e realizações viajantes. Então, esse post é dedicado aos meus queridos companheiros do projeto que, sonhadores como eu, dedicam parte de seu tempo a contar histórias. 

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"Era uma vez... 



Vou contar uma historinha...

Estávamos no Rio de Janeiro, eu muito cética, tentando entender o que a cidade tem de maravilhosa (já contei em algum canto desse diário que não curtia a cidade, acreditem) e escolhendo o lugar para nosso primeiro almoço, numa manhã de sol aberto. Sábado, o povo animado na ciclovia, tomando as areias escaldantes, poucos corajosos se jogando nas águas geladas de Copacabana. 

Estremeço: anúncio de feijoada no restaurante do Othon, convidativo. Olho para o lado e lá está a Ná, sorridente, com aquela carinha de que isso é o maior desejo da minha vida, sabem? Aff, feijão - como Deus alguém curte comer feijão?!! 

Lançou mil argumentos, de como seria maravilhoso almoçarmos no 30º andar, com uma bela vista da cidade, de como deveria ser delicioso comer os tais grãozinhos pretos e, como última tentativa, que ligaria para saber o que ofereciam no cardápio que pudesse me convencer. Meus argumentos? Que não havia razão para me fechar num cubo perto do céu, num restaurante que se diz internacional, quando tudo o que desejo é o som das ondas, o pé na areia e a brisa marinha bagunçando meu cabelo rebelde. Venci, as calçadas de Copa ganharam nossos passos lentos e serenos, cheios de sossego e falta de pressa. 

Enquanto respirava aliviada, via os dedinhos serelepes no smartphone e, finalmente, uma carinha feliz, aquele sorriso lindo, aberto. "Encontrei", dizia ela, alegrinha. Pertinho, num lugar cheio de cores, serviam a tão desejada feijoada, mas tinham moqueca baiana e bobó de camarão, avisava. 

Fomos curtindo as sombras, passos curtos, muito papo, até chegarmos no Brasileirinho. Simpático, pensei. 





O litoral gaúcho não é lá essas coisas, águas geladas (quase siberianas), escuras (chocolates), ondas bravas e um repuxo de carregar elefantes. Tudo certo, se o repuxo não lhe carregar, o nordestão o fará, certeza. Pronto, assustei vocês? Tá bom, nem tanto ao céu, nem tanto a terra: as praias são uma simpatia! E, dessa feita, pegamos uma lua cheia espetacular! 


Não temos mais tantos cômoros de areia (sim, por aqui não temos dunas), os pinheiros foram desaparecendo dos páteos das casas, as casas foram desaparecendo das cidades e as cidades cresceram, os prédios subiram e, quando chega o verão, a gauchada pega a estrada e lota toda e qualquer faixa de areia com seus guarda-sóis coloridos, afinal temos apenas dois meses por ano para curtir o Deus Sol! 



Ontem revisitei a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, queria aproveitar o final da tarde no Press Café e dar uma espiadela na exposição "Iberê Camargo Século XXI". 


Em algum momento todos já devem ter ouvido de mim que não sou uma entusiasta de suas obras, tenho meus senões com o fato do prédio da Fundação não ser aberto em direção ao Rio, para a Cidade e, também, que não curto as exposições modernistas costumeiramente sediadas ali. Tudo bem, mas não sou iracível, também. Posso não curtir, não me encantar, mas vou, olho, interajo, sempre na esperança de que desperte em mim um novo prazer. Insisto em não usar os elevadores, gosto de subir e descer pelas rampas - onde muitas vezes nos deparamos com instalações e até para curtir as minúsculas aberturas existentes para a rua. 


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