Não tinha muita vontade de passar por Veneza, mas o roteiro tem que agradar a dupla, não é mesmo? Cede daqui, cede dali e Veneza entrou no roteiro. Dias escolhidos, hora de procurar hospedagem. Não é tão simples quanto parece, pelo menos não em Veneza. 

Há muitas opções e muitas opiniões a respeito. Muitos se hospedam no entorno da Estação Santa Lucia, outros em Mestre - no continente e, tantos outros, pagam preços salgadissímos por hospedagem nas proximidades da Piazza de San Marcos. Como o critério localização pesa muito em minhas escolhas, resolvi pelo entorno da famosa praça e fui pesquisar preços. 

Num primeiro momento localizei o meio de transporte que usaríamos para chegarmos (vaporetto) e quais opções estariam mais próximas das estações, mais próximas da praça, etc. Localizei quatro, mas entre eles havia uma diferença impressionante de preços. Como seriam apenas duas diárias (as consequências de um erro sempre são minimizadas pela curta permanência), optei por um B&B - o Antico Casin. 





Há lugares que nos são tão caros, mesmo antes de conhecê-los e, depois, se mostram ainda mais apaixonantes, que acabam sendo difíceis de descrever. Se tornam um misto de realidade e fantasia, de desejos realizados, de puro encantamento. Digo isso para justificar minha impossibilidade de jogar nas palavras meus sentimentos em relação as cores e perfumes, que tirei dos livros empoeirados da infância, que já vai longe, e joguei num dia cinzento de primavera, mas que vivi na mais inteira plenitude. 

Nossa passagem por Paris em abril, num inicio ainda fresco de primavera, com dias espremidos no calendário, tinha como maior razão a visita aos Jardins de Monet, em Giverny. 


Numa manhã fria e úmida, partimos em direção a Vernon de trem, apreciando as paisagens que passavam ligeiras por detrás dos vidros, até chegarmos na pequena e bucólica cidade, ainda tomada por uma fina névoa, daquelas que parece que nos joga areia nos olhos. Da estação, um pequeno passeio de ônibus e lá estávamos, em Giverny, entre os primeiros visitantes do dia. Acredite, estar entre os primeiros tem um grande diferencial, salvo que gostes de dividir suas fotos com multidões, além de curtir as tão belas cores em meio a algazarra generalizada.






Minha Lisboa é para ser desbravada a pé, resvalando por suas ruas de pedrinhas lisas, descendo ladeiras - porque para subi-las vou de Elétrico, claro. E na última visita não foi diferente, tempo de largar as malas no hotel, uma caminhada até a Cervejaria Trindade para uma refeição e depois aproveitar a tarde de primavera para dobrar ruas, fotografar, curtir o céu azul e viver um pouco da cidade. 


E a cidade se mostra, se revela a cada esquina, gosta de ser fotografada, deixa que o sol dê tons as cores de seus azulejos e fachadas. Descemos do Chiado em direção ao Cais Sodré aproveitando a tarde fresca e ainda úmida de inicio de primavera, para conversar e planejar a vida - e como temos papo, sempre!  





Não faço segredo que Sampa furtou meu coração, única cidade onde pensaria em ter um apartamento - não digo residir, mas para temporadas. Curto explorá-la ou apenas revisitar meus cantinhos prediletos. Mas a cada visita, sempre uma nova surpresa.

Na última passadela, resolvi conhecer um lugar que estava na listinha há tempos, mas que sempre acabava substituído por uma passadinha na Pinacoteca, no MAC, Masp, etc. E no domingo, lá estava curtindo horas na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, no Morumbi.

Meu encanto pelo local começou pela história, por ser muito da vida do casal, especialmente de Oscar - para uma apaixonada por biografias, percebê-las um pouco, in loco, é sempre uma experiência encantadora. Confesso que o dia escolhido não foi muito apropriado, além de estar por demais nublado - faltaram raios de sol para dar cores aqueles caminhos.

Mais do que a área em si ou o pequeno museu, para mim a história de Oscar é a veia que dá vida a tudo que lá encontramos. Empresário, engenheiro, concebeu para si e para a família um sonho, uma bela residência dentro de uma área de mata nativa preservada, em parte, e reflorestada.


A casa, construída na década de 50, é um belo exemplar da arquitetura modernista - traços retos, um conjunto de pilares, vigas e lajes em concreto armado e a integração com a natureza, para lhe dar cores e tons. Vãos que se abrem em varandas e espaços preenchidos com tijolos maciços aparentes. Idealizada em dois tempos - estudo da área e traçado, após construção propriamente dita, serviu de residência para a família por duas décadas, até o falecimento de Maria Luísa. A ausência da esposa é o marco para a criação da Fundação e da conversão da área externa em parque.


Imaginava que chegaria em Paris bastante cansada, depois de passar apenas algumas horas em Lisboa e já embarcar em outro voo. Costumo ficar bastante irritadiça, impaciente e exigente nessas horas, mas adianto que adorei a escolha hoteleira - se sobreviveu ao meu crivo naquele momento, deve ser um bom hotel, mesmo! 

Meu critério para a eleição, como costuma ser, foi a localização - considerando, especialmente, o aspecto noturno. Ele está situado junto ao Arco do Triunfo, ao final da Avenida Champs-Elysées. Em seu entorno, alguns restaurantes e bares, uma zona com boa movimentação de pedestres. Por consequência, alguns metros e já se está na estação de metro. E estando na Champs-Elysées? Todas as comodidades do comércio ao alcance de pés cansados, depois de um dia de andanças.  

As instalações não são majestosas, é um pequeno e simpático hotel, estiloso e com custo intermediário. Mas é delicioso. Possui elevador, mas as escadas são lindas, vale uma passadinha. Há um escritório com computadores, jornais e acesso a internet - não testamos, mas dava umas passadinhas para pegar balinhas, claro. 



Estaríamos em Paris no nosso segundo dia de viagem, depois de um voo Porto Alegre/Lisboa e outro, ainda na madrugada, Lisboa/Paris. Prevendo que estaria destruída depois de uma madrugada sem dormir, observando cacoetes e roncos alheios no primeiro voo, mais o fuso, mais outro voo no final da madrugada seguinte, tratei de organizar bem nossa chegada na cidade. 

A organização importou a contratação de um transfer, evitando assim enfrentarmos filas no ponto de táxi - que estavam verdadeiramente medonhas naquela manhã. Considerando que o desejo era conforto e comodidade (esqueçam o custo, claro), foi uma escolha perfeita. E como escolher um serviço que fosse bom e que não nos empobrecesse? Também para isso nossos amigos blogueiros são especiais. Fui aos maravilhosos blogs que falam de Paris e fácil, fácil encontrei três indicações. Enviei três e-mails e fiquei aguardando retorno - claro que observo a presteza da resposta, conteúdo e gentileza. Bom, um levou cinco dias para responder e foi sumariamente desconsiderado - não tinha a minima intenção de esperá-lo cinco dias no aeroporto, não é mesmo? Os demais foram céleres, claros e gentilíssimos. Mas havia um detalhe, que fez toda a diferença: somente com um o contato era pessoal, diretamente com quem faria o trabalho - foi o escolhido. 

O transfer contratado foi com o Marcos, via blog Conexão Paris. Contato feito, dados confirmados e serviço contratado. Chegamos no aeroporto de Orly, eu absolutamente destruída (moída, picada em pedacinhos, como vocês preferirem) e lá estava ele, sorridente, nos esperando. Discreto, conversamos calmamente e em dois minutinhos (nem tão poucos minutinhos assim), estávamos em frente ao Hotel. Custo do serviço? 70€, pagos no desembarque. Super indico o rapaz, um brasileiro perdido em terras francesas. 

A empresa de Marcos é a Paris my Driver - os dados de contato estão no Conexão, que possui convênio com o prestador do serviço. Veja aqui. 

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Há tempos amigos comentavam que o Consultório Culinário era uma opção simpática na Cidade Baixa, lugar legal para almoçar ou curtir um inicio de noite. Confesso que não havia dado muita importância, apesar de ter achado o nome um charme. Pois bem, ontem fui convidada para visitá-lo. 


Cheguei sem expectativas, subi as escadas do antigo casarão da Rua da República (em 2016 ele ganhou uma nova casa, em novo endereço: Av. Venâncio Aires, 588), com a intimidade de quem foi criada em meio aquelas casas, correndo por aquelas calçadas. Lá em cima? Uma simplicidade franciscana e a simpatia dos atendentes. 

Dividido em ambientes pequenos, escolhemos um mais reservado, para podermos papear mais a vontade. Ao espiarmos o cardápio, a surpresa: comidinhas com tempero baiano, inclusive, que amo. Não é algo tão comum em Porto Alegre. 

O lanche pretendido acabou por se transformar em jantar, pois não resistimos as sugestões da chef. 


Depois de deliciosas bruschettas de entrada (coisas de Naiá, que fazem com que nunca consigamos acabar a refeição principal), chegaram nossos pratos, absolutamente deliciosos. O dela? Um risoto de camarões. E para mim camarões no coco, com dendê e purê de mandioquinha. 


Dá uma olhadinha e me diga se preciso dizer que estava delicioso? Embora o coco não se misture ao prato, o calor da mandioquinha em contato com ele dá um sabor especial, além do aroma delicioso. 

E para completar? Acabamos sendo surpreendidas por duas queridas amigas, que nos fizeram companhia, alegrando ainda mais o final de noite. Inclusive, uma delas foi a responsável pela indicação, não é Lú? 

Qualquer dia vamos experimentar o almoço, que dizem ser igualmente delicioso. Por hora, indico o simples e simpático Consultório para uma refeição aromática, um papo com os amigos, junto as janelas do antigo casarão e as copas das árvores, os mais lindos jacarandas da cidade. 

Para o happy hour (até às 21h) estão com rodada dupla de chopp, para os apaixonados. No meu caso, a coca estava especialmente gelada, com uma rodela de limão de espessura perfeita e servida em copo gigante, como prefiro - mas sem rodada dupla, o que considero bullying!! 

E nós, demos uma boa olhadinha no cardápio, já para garantirmos o retorno. E o encanto recaiu sobre o Contemporâneo, uma entradinha simpática, com kibes vegetarianos e pastinha de grãos de bico - pelos quais somos apaixonadas. Olhem a foto de divulgação e vejam se vale ou não o retorno: 

https://www.facebook.com/consultorioculinario/photos_stream
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