Por aqui falamos no Brique como se todos pudessem supor do que se trata. Embora fique em Porto Alegre, qualquer gaúcho quando ouve a expressão logo pensa em sábados e domingos prazerosos, caminhadinha, um lanche nas barraquinhas, um churros de sobremesa, umas compras.... Mas do que se trata, afinal? 

O Brique da Redenção é uma feira de arte, artesanato, produtos orgânicos e de muitas belezas que acontece todos os sábados e domingos na rua José Bonifácio, que margeia um dos vértices do Parque Farroupilha, na região central da Capital. Inicialmente aos domingos, por seu sucesso acabou ganhando os sábados e está sempre lotado, é o mais tradicional ponto de encontro de Porto Alegre há décadas. 



Aos domingos a Redenção ganhou uma feira livre - um mercado de pulgas, como há em Buenos Aires, Paris, Lisboa e no vão livre do MASP em São Paulo. No chão, sob a sombra de lindas árvores, eram espalhadas antiguidades, livros, cristais, discos, selos, etc. Aos poucos foram se organizando, os espaços foram numerados, os móveis antigos ganharam a rua e a feira cresceu e foi ganhando as quadras da charmosa travessa. Hoje a ocupa integralmente, entre a Av. Osvaldo Aranha no bairro Bom Fim e a Av. João Pessoa, no bairro Cidade Baixa. 



O pequeno Museu está situado na rua Duque de Caxias, quase ao lado da Catedral Metropolitana e do Palácio Pirati, em Porto Alegre. Apesar da importância histórica do personagem que lhe dá nome e do ponto nobre onde se encontra instalado, possui apenas um pequeno acervo e exposições sem grande expressão, infelizmente. Mas possui história.

Criado sob a designação de Museu do Estado em 1903, passou a atual denominação em 1907. De conformação eclética, reunia documentos e peças históricas, coleções de botânica e mineralogia, obras de arte, entre outros. A partir de 1950, entretanto, seu acervo começa a ser repartido entre novas e especificas instituições, esvaziando-o. Hoje seu acervo abrange apenas peças e materiais de caráter histórico regional. Embora o acervo catalogado seja expressivo, o em exposição é singelo - para dizer o mínimo. 

Mas qual a razão da minha visita, então? Amor de infância, de uma época que não apenas os pais levavam seus filhos aos museus e teatros, como era papel das escolas fazê-lo. E assim, ao longo da infância visitei e revisitei muitos museus em Porto Alegre, mas apenas em uma oportunidade estive no Julio de Castilhos. Dele guardei boas recordações e a imagem de móveis antigos, brilhantes e lindos. Há dois anos residindo nas proximidades, sempre o olhava com carinho, prometendo revisitá-lo. Com o anúncio da abertura provisória de seu prédio principal e que se encontrava fechado há 16 anos para reformas internas (e que é exatamente o prédio visitado na infância), resolvi atravessar a rua, finalmente. 

Os prédios que servem de sede ao museu se encontram lado-a-lado e possuem comunicação interna. O mais antigo e que serviu de residência para Julio de Castilhos (Presidente da Província do Rio Grande em duas oportunidades) até seu falecimento é o revestido de pedra grés lavrada (1887). Ao lado, já num estilo mais eclético, temos a atual sede (1916), a que se encontra aberta a visitação de forma permanente.



Acontece cada coisa na vida da gente que o melhor é sempre achar um pouco de graça das situações. Numa tarde quente saio do meu condomínio, miro e me dirijo ao prédio de pedra, finalmente com as portas abertas. Na porta uma moça já acompanhava meu deslocamento, devidamente fardada com o uniforme da empresa de segurança - não mexe o pé ao me ver chegar, impedindo o acesso. Pergunto, gentil: está aberto? Resposta: Sim, com um sorriso, mas sem mover-se. Pensei, que atrapalhada e lá fui pedindo licença. Bom, daí para frente foi como visitar um lugar abandonado, salvo por alguns encontros com um segurança que olhava os gatos pingados que visitavam o local como se pudessem colocar o acervo no bolso e partir - simpatia zero! Mas como fui lá para revisitar, rememorar e me encantar, o abstraí.




Gosto de viajar, de partir, de regressar... 
 Gosto de saber que tenho para onde voltar, que construí laços, que construí um pouco do que sonho, que tenho um porto onde ancorar... 
Gosto de ter raízes, mas raízes hidropônicas, que me permitem 
partir e regressar. 

Sou como as cabras, gosto da terra, do difícil, de subir montanhas, de pisar o pasto, de ver o horizonte ao longe. Gosto daquilo que é perene, porque o perene me permite ser intimo, me acalenta, me eterniza. Gosto de estar e de ter no coração, gosto daquilo que me ilude com a idéia do permanente, do eterno. Sou do signo da Terra, sou capricórnio. Mas um capricórnio rebelde, de espirito libertário, avesso as convenções e que por isso gosta 
de partir, mas com a certeza de sempre regressar. 

Criança conheci o mar, mas não gostei da areia - aversão as tatuíras que insistiam em cutucar pés que nasceram fincados na terra. Mas os anos foram trazendo o encanto, sucumbi as suas belezas e passei a conversar com as pequeninas tatuíras por cócegas, que já não são mais cutucões. Aprendi a observar o vai e vem delas nas ondas, numa eterna luta que pode ser apenas prazer, de se permitirem ou não ser vencidas pela força do mar. Gosto da sensação de transcender que o mar me traz. Gosto dos tons de azul, gosto do encontro das águas com o céu. Gosto da luz da lua na imensidão escura - dos caminhos de prata, da guaxuma. Gosto de ver longe, sempre além e isso o mar me permite. Me permite ver longe, ver amplo, ver fundo e cristalino, ver dentro de mim. Gosto de libertar meus pensamentos, meus sentimentos, gosto de entregá-los ao mar, porque só ele leva, mas traz. 
Por isso me perco do relógio cada vez que me encontro com ele, porque entre nós não há tempo, 
há apenas paixão, movimento, partir e regressar. 

 Sou essa, um pouco terra, um pouco mar. Um pouco raizes, um pouco asas. Um pouco cérebro, um pouco intuição. Um pouco amiga, um pouco grude. Um pouco leve, um pouco chata. Ao que andaram me dizendo, as vezes excessiva. Muito paixão, um pouco coração. Mas, antes de tudo, essa que se permite
 partir e regressar. 



 Para quem não entendeu o que esse texto faz aqui, lembro que esse blog é um "Diário de Viagens", 
histórias de partir, se permitir, de se perder e, finalmente, regressar! 

Já escrevi sobre o Esquina Mineira no blog - veja aqui. Na época informei que seria visita única, pois não havia gostado. Entretanto, recebi a informação de que haviam se mudado para um casarão reformado e novas instalações sempre são uma oportunidade para melhorias, não?

Em maio retornei a cidade, para um belo final-de-semana prolongado. No dia da chegada, com o grande atraso no voo em vista do Aeroporto Salgado Filho ter permanecido fechado para decolagens por muitas horas, só conseguimos rumar para o almoço às 14 horas. Meio na dúvida de onde íriamos, decidimos aproveitar a oportunidade e darmos aquela segunda chance ao Esquina. O localizamos rapidamente, num casarão lindo e já gostamos do que vimos. 

O casarão onde se encontra hoje estabelecido possui uma área mais ampla, mais clara - solar. Ao contrário do acanhado prédio anterior, nesse as instalações são espaçosas, há maior distanciamento entre as mesas, é melhor iluminado. Tudo decorado com charme interiorano.


Há lugares que você vai conhecer, retorna para curtir e se te convidarem, você revisita para esmiuçar. Na minha vida muitos são esses lugares, pois sou repetitiva mesmo, e um deles é o Memorial JK, em Brasilia.


Pelas minhas continhas estive por lá umas três vezes, mas voltaria (voltarei, com certeza). Daí me perguntam: é tão bonito assim? Não sei, mas é singular, é história viva, tem uma atmosfera empreendedora, é gostoso. 

A construção de Brasilia, independente de criticas históricas, é um marco nacional. Quer do ponto de vista histórico, arquitetônico, mas para mim muito mais do empreendedorismo. Sua história deveria ser contada em prosa e verso nas escolas, mas não apenas mostrando que lindas são as obras arquitetônicas, mas contando o sonho e sua realização - para encher os jovens de esperanças, de criar-lhes o desejo pela criação das oportunidades, para desacomodar. E aqui não me refiro ao sonho e/ou a vontade politica de JK e de seus companheiros (chamem como quiserem, há tantas divergências a respeito), mas aos sonhos dos milhares de brasileiros que partiram rumo ao desconhecido, ao nada, em busca de uma vida nova e melhor -  sonhos de prosperidade na Nova Capital do Brasil.

Um pouco de tudo isso está pelos corredores e paredes do Memorial. Lá há um pouco da história de JK, muito da construção de Brasilia, mais um pouco de seus primeiros anos. 

Situado na Praça do Cruzeiro, no local onde foi celebrada a 1ª Missa em Brasilia, sua edificação é projeto de Oscar Niemeyer - um prédio belo e cheio de peculiaridades, com uma área externa verde e colorida. 


Seu acervo se encontra organizado em dois andares, que são divididos ainda com a Sala da Presidência, Sala de Pesquisa Affonso Heliodoro dos Santos e com o Auditório Márcia Kubitschek. 


"Como sempre digo - amigos: do olhar a mão!"

A orla do Guaíba em Porto Alegre passou décadas abandonada. Aos poucos nós a fomos integrando a vida cotidiana e, bem aos poucos, o Governo Municipal a foi urbanizando. Primeiro umas árvores e uns poucos bancos, após muitos outros bancos, iluminação, algumas quadras esportivas. Mais tarde, o Anfiteatro. Mas queríamos mais, precisávamos de muito mais. Então chegou o Iberê. 

Assim mesmo, Iberê, intimo, de casa. O artista e nós. O Museu e o Guaíba. Da paixão do gaúcho por Iberê surge às margens do Guaíba (seja rio, seja lago, seja estuário) a Fundação Iberê Camargo. 


Da morte do artista até a inauguração do prédio às margens do Guaíba  a obra permaneceu exposta na antiga casa onde possuía atelier, na zona sul de Porto Alegre. Mas daquela forma a Fundação se encontrava acanhada, sem dar vazão as possibilidades que as obras de um de nossos maiores artistas requeria. Lançada a idéia, o projeto se desenvolveu rapidamente e em 2008 a cidade ganhou o prédio branco.


Projeto do arquiteto português Alvaro Siza, foi integralmente construído em concreto armado branco aparente e recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza (2002). Foi uma obra que já nasceu vencedora e como tal foi recebida pela população, que rapidamente a integrou ao cotidiano da cidade.  




Há pontos turísticos que por sua natureza arquitetônica, mesmo que despidos de outros elementos móveis, possuem uma beleza em si. Esse é o caso do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém - Lisboa. 



O passeio interno importa mais em analisar toda a série de elementos arquitetônicos, andar por seus espaços livres, pois há muito pouco no que se refere a pinturas, esculturas e outros elementos. Mas a beleza de sua fachada e de seu interior é requintada, numa sofisticação de detalhes única.



Roma é história dos ladrilhos aos monumentos. E são tantos os prédios, monumentos, igrejas, piazzas que parece difícil escolher entre tantas opções aquela que lhe marcou, que é mais sua, não? Sempre imaginei que no meu caso amaria o Coliseu, mas minha curiosidade e meu encantamento recaíram sobre o Pantheon - O Templo de Todos os Deuses. 


Deixei para conhecê-lo no último dia de viagem, após uma longa e espetacular caminhada, num final de manhã de outono, de temperatura amena. E chegando na Piazza della Rotonda, encontro o monumento mais bem preservado da Roma Antiga, ornado com imponentes colunas coríntias, convidativo. Uma olhadinha pelo entorno, uma verificada nos detalhes exteriores e lá fomos desbravar seu interior, tão rico em detalhes e sofisticação. 



Do desejo do arquiteto Marcus Agrippa foi construído para Júpiter. Praticamente destruído por um incêndio, é reconstruído com maior área pelo Imperador Adriano e por seu desejo é constituído politeísta - para agradar à todos os povos sob o domínio Romano. Nasce politeísta e dedicado a sete divindades planetárias (por isso a existência de sete altares), mas muita água pelas pontes do caminho e alguns séculos de história, torna-se templo católico, o que acreditam tenha o protegido em épocas difíceis e de tantas lutas. Recebeu, portanto, a proteção da Igreja Católica e manteve-se altivo e preservado, para nosso deleite. Hoje é consagrado a "Santa Maria e a Todos os Santos". 




Tantas são nossas andanças pelos caminhos do Rio Grande, tanto trabalho espalhado por cada curva dessas estradas, por cada pequena cidade desse Estado. Buscamos e levamos felicidade, fazemos nossa profissão mais especial, útil, doamos e recebemos. Mas além da poesia, há o cansaço, os muitos e muitos quilômetros vencidos a qualquer hora do dia ou da noite, toda sorte de hotéis, os perigos e as surpresas, mas também as risadas, as pessoas especiais... E assim conhecemos cidades e retornamos de tempos em tempos. 

Em Rosário do Sul - a Cidade das Areias Brancas, uma pequena e histórica cidade às margens da BR 290, os dias passam sossegados, numa calmaria que pouco combina com a criatura aqui que mora em Porto Alegre e vive acelerada. Mas lá o povo anda devagar, com grossos palas de lã de ovelha em dias e noites frias desse inverno tão rigoroso. O barulho das pessoas nas praias de água doce e areias brancas, tão comum no verão, é substituído pelos passos rápidos que levam todos aos locais fechados, longe do Minuano que sopra insistentemente pelas ruas. 

E lá estávamos nós no último sábado, num final de manhã congelante, aguardando a hora do último compromisso para partirmos. E o que fazer para o tempo passar rápido? Minha companheira de estrada resolveu que iriamos visitar a loja Porão Agroshopping, um dos empreendimentos comerciais estabelecidos no antigo prédio junto a Estação Ferroviária da cidade. 


A Porão é uma loja campeira, especializada na venda de indumentária gaudéria e objetos tradicionais da lida do homem do campo, entre outros. E como se encontram surpresas naquelas prateleiras, camisas maravilhosas, chapéus, botas belíssimas, além de utilidades domésticas. 


Fui apenas como companhia e para fazer o tempo correr, longe da sensação térmica negativa daquela manhã chuvosa. Mas basta uma olhadinha para a direita, outra para a esquerda e os olhos já começam a encontrar utilidade para aquelas mercadorias. Ah, e isso se dá numa velocidade incrível!! 

Embora possua duas casas, ambas já se encontram lotadas de quinquilharias e por essa razão, mesmo que me surpreenda com paixões ao primeiro olhar, regra geral viro as costas ao destino e parto. Mas eram tantas as paixões naquela manhã fria - rsrs!! E logo encontrei algo para chamar de meu: 


Tantos equipamentos para uma tipica churrascada gaúcha, panelas para aquele carreteiro tropeador e tantas cuias para os amantes do chimarrão.





E as encilhas? 


E o que dizer desses pequenos enfeites de nossa fauna? E os pequenos mochinhos (banquinhos) para sentar junto ao fogo?



E as cristaleiras abarrotadas de lindos acessórios? 


Apesar de pequenina, a Porão possui boa variedade. E fica logo ali, passando o Fórum, depois de passar por sobre os trilhos do trem, entrando a direita - não tem erro. Para quem está passando rumo ao Uruguai ou Argentina, vale dar uma entradinha para conhecer a cidade, seguir as placas que levam ao Fórum e dar uma paradinha para lindas compras. 








O charme da simpática cidade que faz fronteira com o Brasil sempre se constituiu em proporcionar aos visitantes compras em free shops enfileirados na Avenida Sarandí, por onde todos circulavam sem pressa, curtindo dias de compras e de convivência com um pouco da cultura uruguaia. Intervalos para um café na Confiteria City, almoços e jantares nas parrillas distribuídas ao longo do percurso de poucas quadras. Pois isso começa a se alterar. 

Inaugurado há um ano, o Shopping Siñeriz começa a atrair boa parte dos turistas que chegam a fronteira do Brasil com o Uruguai, por Santana do Livramento. Afastado do tradicional centro de compras e da região hoteleira, o empreendimento conta com estacionamento para 700 veículos, uma vasta loja Siñeriz e Praça de Alimentação - a comodidade de encontrar num mesmo local grande parte dos produtos costumeiramente distribuídos em diversas lojas. 



O Siñeriz se apresenta como uma ampla loja, organizada por setores, que reúnem num único espaço uma infinidade de produtos - bebidas, vestuário, material de camping, cosméticos, perfumaria....



No que se refere a vestuário, calçados e equipamentos esportivos, o conjunto oferecido está organizado em setores de acordo com as marcas mais conhecidas. E são muitas, desde as tradicionais Lacoste, Tommy, Nike, Adidas, Reebok, até novidades como a Dudalina (com descontos de 30% e preços infinitamente mais acessíveis do que os praticados no Brasil). 


Sabe aquele momento em que tudo se altera e  você tem um minuto para escolher o que virá a seguir? Assim surgiu na última sexta a idéia de fazer da visita ao MAM meu primeiro programa em Sampa. Acertei, escolhi ser feliz! 



O Museu de Arte Moderna de São Paulo é um pequeno oásis no Parque do Ibirapuera, integrando um conjunto que respira Arte e transpira Paz.

Arte Moderna não me atrai, no geral.  Mas dei sorte, pois a exposição principal era "Metamorfoses" de Maria Martins, com muitas esculturas - o que para mim facilita a interação. E me perdi por entre aquelas peças, por aquelas curvas. Num espaço absolutamente silencioso é como se aquelas obras tivessem vida, movimento. Permanecerão por lá, na Grande Sala, até 15/09. 




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